tag:blogger.com,1999:blog-51492105395565410382024-02-18T18:24:48.947-08:00«Os poemas não se servem frios»O meu último livro, editado pela Temas Originaisjose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.comBlogger126125tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-2428189056249839022012-11-05T08:22:00.000-08:002012-11-05T08:22:01.480-08:00DE REGRESSO AO MEU VELHO BLOGOs caminhos da minha vida são feitos de encruzilhadas. Há alturas em que sigo inteiro, outras em que vou em várias direcções.
Partir ficando ou ficar partindo, são sempre hipóteses em aberto.
Estou de volta sem nunca daqui ter saído.
jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-7813483984729788122012-01-26T14:52:00.000-08:002012-01-26T14:52:59.520-08:00por não te amar assim perdidamente<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOW69uY1v4qS8h6BxsQKUy90YmTcJtCwcqA3_957STFvEVsiTb34ulr7G-YxMoDZ8q20D0flPzPW-O54aj7nHQb869iRhO83jf1k0uwjzK849xWrIIpoWoPqLEkUKKI5tg0NlC-GzEvjwN/s1600/os+n%25C3%25B3s+e+os+la%25C3%25A7os.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="320" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOW69uY1v4qS8h6BxsQKUy90YmTcJtCwcqA3_957STFvEVsiTb34ulr7G-YxMoDZ8q20D0flPzPW-O54aj7nHQb869iRhO83jf1k0uwjzK849xWrIIpoWoPqLEkUKKI5tg0NlC-GzEvjwN/s400/os+n%25C3%25B3s+e+os+la%25C3%25A7os.jpg" /></a></div>
Foto: jorge manuel palha «os nós e os laços»
por não te amar assim perdidamente
uns dedos não se entrelaçaram
não se abraçaram com os campos da tua janela
no quarto crescente de nós
um beijo não foi dado
um sorriso não se partilhou
uma peça de teatro não aconteceu
um jantar a dois não se combinou
por não te amar assim perdidamente
houve um poema que não se fez
um tempo que nunca nos pertenceu
uma vez como a primeira vez
o vento a afagar-te os cabelos
o ar impregnado do teu cheiro
o chão a abrir-se nos teus passos
por não te amar assim perdidamente
deixei todos os romances a meio
nunca desatei os nós e os laços
fiquei perdido no seio dos enredos
mereço que as palavras me abandonem
que os meus dedos sejam só os meus dedos
e depois não saiba dizer-te urgente
na verdade do poeta a ilusão do homem
por não te amar assim perdidamente
in: «Os poemas não se servem frios» Temas Originais 2011jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-32372349937859903262012-01-23T13:37:00.000-08:002012-01-23T13:37:02.035-08:00Era uma vez uma história começada por era uma vezEra uma vez uma história começada por era
uma vez
Era uma vez uma história que ainda não tinha sido escrita, por isso não começava, não se desenvolvia, nem acabava.
As personagens não eram nem principais nem secundárias, porque ainda não tinham sido criadas.
Passar-se-ia numa folha branca, num dia em que o escritor se sentasse à sua secretária, de frente para a janela de onde se avista uma outra.
Vive lá uma mulher que deseja muito ser amada, mas que a cidade esqueceu.
A sua história é tão desconhecida como as razões de uma página branca desafiando quem a olha.
Está ali, à distância de uns dedos que a toquem, de um corpo que a preencha e tome. Mas o escritor não sabe disso na hora de escrever a sua própria solidão.
Por isso imagina histórias começadas por era uma vez.
E foi o que fez da vez em que viu um rosto belo de mulher abeirar-se da janela que fica de frente para a janela da sua escrita.
Cabelos escuros, abaixo de uns ombros delicados. Seios que se adivinhavam redondos, num corpo generoso que merecia o sol naquela tarde cinzenta de inverno.
Logo a tomou como personagem, rodeando-a à distância com suas mãos abertas e seus braços longos.
Sentiu-se acompanhado pela tristeza que descobriu nos seus olhos salgados e distantes, profundamente tocado por uma ternura que precisava das palavras para se cumprir.
Por isso, como um pintor que pinta um modelo fortuito surgido do nada, começou a escrever a sua história.
Falava de uma mulher esquecida pela cidade, capaz de amar intensamente, mas à espera de uns dedos que a tocassem, a tomassem, despindo-a da angústia dos dias iguais.
De tão embrenhado que estava na construção daquela história que agora existia, se desenvolvia e caminhava para o fim, nem se apercebeu de uma estranha azáfama no rés-do-chão, misturada com gritos e olhos tapados de dor. Sequer de um policia correndo as cortinas da janela que ficava irremediavelmente de frente para a sua escrita.
Terminava bem aquele texto que escreveu em tributo a uma mulher que pressentiu de forma fugaz naquela tarde cinzenta de inverno.
Tinha-lhe oferecido o amor, em palavras como agasalho aos dias tristes e sós de uma cidade que se esquece de partilhar afectos na sua volúpia.
Rubra era a calçada, quatro andares abaixo da eternidade.
Foto: Jorge Manuel Palha
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip7sGqYjqzMjzeV9lu9c62nm1buMloRO0YR8WoQgQCVCfwLi7Z-1Jj9Z39pxgQpq7aKIbRi4qh1lvnzrHBtzyNr9li4hxbfKvfav1TmuV4JHdaFh4o7pBQQ8rXpmwvJ8qWH-8TznJu9qp-/s1600/perdida+no+tempo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="324" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip7sGqYjqzMjzeV9lu9c62nm1buMloRO0YR8WoQgQCVCfwLi7Z-1Jj9Z39pxgQpq7aKIbRi4qh1lvnzrHBtzyNr9li4hxbfKvfav1TmuV4JHdaFh4o7pBQQ8rXpmwvJ8qWH-8TznJu9qp-/s400/perdida+no+tempo.jpg" /></a></div>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-25570179981461950912012-01-14T13:27:00.000-08:002012-01-14T13:27:01.576-08:00O CÃO QUE ME ESPERAO cão que me espera não tem pernas, flutua e
lambe-me o rosto
Mas sabe falar inglês, e ninguém o diria
Serve-me martinis dry, com azeitona e tudo
O jornal, trago-o eu nos dentes desde que passo a
porta
Por vezes temos necessidade de trocar os papéis
Ele escreve e eu ladro o mais alto que posso
Entre mim e o cão que sempre me espera, não
existe trela
Só um esplendor de sol, e relva
E tem dias até em que ele me lança o disco
E eu apanho-o soberbo com os dentes, num rasgo de
rins
E rio-me disso
Logo depois do osso que ofereço ao destino para
que nos apanhe
A mim e ao cão que nunca deixou de me esperar
Quando trago um cheiro a poemas no pelo
E ele me escova até eu deixar de me coçar
Sou-lhe fiel como um homem pode ser a um cão.
in «Os poemas não se servem frios» Temas Originais - 2010
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwGgLQ0aKvd3wtIdIFJd_jnnelurmXqKYq4u_Tm_B6l85FYvMwisU78JbjHm2EF8AdsX6XDdncOgvVdHPGr4iXp_PUnO99nTfbYlwh39xpdYURkujpFLx2r61nGP_1rcmDAGnzfGdj5ZjE/s1600/c%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="289" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwGgLQ0aKvd3wtIdIFJd_jnnelurmXqKYq4u_Tm_B6l85FYvMwisU78JbjHm2EF8AdsX6XDdncOgvVdHPGr4iXp_PUnO99nTfbYlwh39xpdYURkujpFLx2r61nGP_1rcmDAGnzfGdj5ZjE/s400/c%25C3%25A3o.jpg" /></a></div>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-34973520788700299052012-01-13T12:49:00.000-08:002012-01-13T12:49:45.870-08:00Ainda ontem me suicideiAinda sinto o sabor a queimado da pólvora na boca.
No buraco que tenho na nuca plantei gerânios, planta de que só tinha ouvido falar de nome, mas que se entranhou bastante bem.
Tenho, é dificuldade em conseguir per...ceber o homem vestido de bala, que intermitente, saltita levantando os braços.
Para ser sincero, eu não me suicidei ontem, foi tudo um equívoco.
Eu estava a limpar a arma com a língua. Esta que me faz disparar a torto e a direito, mais tiro menos tiro pela culatra.
E foi o que aconteceu.
A arma disparou um abutre negro recém-chegado, que nidificou no meu palato e agora vive de cadáveres.
E tem vezes até, em que sonho que me estou a autopsiar.
Quando chego ao fígado, aparece sempre um daqueles letreiros intermitentes de Motel, um néon rasca descarado nos corpos.
E eu, num Cadillac que nunca tive, embalo desfiladeiros.
E chego a pensar que a Rosanna Arquette não envelhece, e que vale a pena ter Hollywood numa jarra.
Foto: Jorge Manuel Palha
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ7XNHsRqZbv_Gy3uXZ6E5DeYDA6D5xrNMcgY27xOfR6i8SeUAqzIku0CYVypqCkj7igLafqKM_-koHXt4YXPJq_hjxAwT2fViGpwCVKqmw3BMBvzQm5k7y4gk89QgjfR6qVzGxl4L_azp/s1600/aparas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="342" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ7XNHsRqZbv_Gy3uXZ6E5DeYDA6D5xrNMcgY27xOfR6i8SeUAqzIku0CYVypqCkj7igLafqKM_-koHXt4YXPJq_hjxAwT2fViGpwCVKqmw3BMBvzQm5k7y4gk89QgjfR6qVzGxl4L_azp/s400/aparas.jpg" /></a></div>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-72562526270913051702012-01-11T15:57:00.000-08:002012-01-11T15:58:13.015-08:00Foto de Ricardo Machado para o projecto «Em memória»<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiFN06u46pYmrkCmpXIf7FuEgkaiUaRXKozodWfSCVo_IPJLEOVjf8LBSr66Jqq-y6Bx9PAWEKisikyWgUDArG9CALjSxJGX_EOGn_hNUfqlyFUowBqggJn29HTtk0xiO9NW-cEufqxJVy/s1600/403317_2973980917754_1508741456_32839189_1419039514_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiFN06u46pYmrkCmpXIf7FuEgkaiUaRXKozodWfSCVo_IPJLEOVjf8LBSr66Jqq-y6Bx9PAWEKisikyWgUDArG9CALjSxJGX_EOGn_hNUfqlyFUowBqggJn29HTtk0xiO9NW-cEufqxJVy/s400/403317_2973980917754_1508741456_32839189_1419039514_n.jpg" /></a></div>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-47139168716537834032011-12-16T03:47:00.000-08:002011-12-16T04:02:50.909-08:00Ilustrações de «Crónicas do Novo Mundo» por Pedro Torres<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ5SDv99AsqvZ5n3DGhRRMPiV8x7TJ6hgmahjJPd4ZwxArxWr6ZQjly2VT97TMv6bI-j16R4H9VYOdrCd76easbKzMfDMB8eQX_63MmYgwXrpim6DOhH0g8QesCXuKYizd_uN6W7Egsqrg/s1600/cr1.bmp" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ5SDv99AsqvZ5n3DGhRRMPiV8x7TJ6hgmahjJPd4ZwxArxWr6ZQjly2VT97TMv6bI-j16R4H9VYOdrCd76easbKzMfDMB8eQX_63MmYgwXrpim6DOhH0g8QesCXuKYizd_uN6W7Egsqrg/s400/cr1.bmp" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoH48vzsB2iu1sQdr8utd7SYYJpIguEQmjoQD_d_kytRaGcgftHIM6o1VdwM4-I6n42o-P1v8DLepd2SBxwcVBf_yBNRtw8hLmMDd3ZmN05BkDW4cNs4bRj9ym3RHzD0-laFU-cTMiq0VG/s1600/cr2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="400" width="338" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoH48vzsB2iu1sQdr8utd7SYYJpIguEQmjoQD_d_kytRaGcgftHIM6o1VdwM4-I6n42o-P1v8DLepd2SBxwcVBf_yBNRtw8hLmMDd3ZmN05BkDW4cNs4bRj9ym3RHzD0-laFU-cTMiq0VG/s400/cr2.jpg" /></a></div>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-92130924439185174522011-10-30T01:41:00.000-07:002011-10-30T01:44:26.557-07:00Os sinos dobram pela liberdadeHá um poeta enforcado no campanário<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Serve o seu corpo frio de contrapeso<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />A corda esticada num pescoço operário<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />E nas calças um pénis bem teso<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br /><br />Junta-se o povo em burburinho<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Mais as carpideiras e os cangalheiros<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Umas choram, outras gemem baixinho<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Outros fazem contas aos seus dinheiros<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br /><br />E o poeta mais morto que peru<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Mas altivo nessa morte sem igual<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />Tem escrito no peito, a tinta-cru:<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br /><br />- Fodei-vos! Liberdade não é coisa banal<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />- Podeis meter a minha morte no cu!<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />- Que eu nunca morri afinal!<br />Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não<br /><br />25-11-2010jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-70603755228525885012011-07-04T11:02:00.000-07:002011-07-04T11:06:42.004-07:00Feira do Livro de Barcelos - Eventos onde estarei presente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG-DOSfWxoe_IHvVptMmxa62kzziDtkhYuWmg8V0gf1Gb1G0dIMlX8hqnJgouCl7DaZmBOja8av-zegV7BPh0QlgUFaxiep_JhEQ6r3B285qHT2KtHqu9vepzdh2gKTHzxRIQLSXRdGqWI/s1600/feiradolivro.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG-DOSfWxoe_IHvVptMmxa62kzziDtkhYuWmg8V0gf1Gb1G0dIMlX8hqnJgouCl7DaZmBOja8av-zegV7BPh0QlgUFaxiep_JhEQ6r3B285qHT2KtHqu9vepzdh2gKTHzxRIQLSXRdGqWI/s400/feiradolivro.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5625560163365555986" /></a><br />Dia 9 de Julho - 21:30 - Apresentação do meu mais recente livro «A Lenda das Cruzes»<br /><br />Dia 15 de Julho - 21: 30 - À conversa com o escritor José Ilídio Torres<br /><br />Dia 17 - 18:00 - Apresentação do livro de Simão Lopes «As aventuras da Rita»jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-20081001135578740322011-04-19T10:13:00.000-07:002011-04-19T10:16:16.867-07:00A JUSTIÇA NÃO É PARA TODOS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixsTGFN3lb77XBasBmcnhCASktPsGnfAPhac-CSPNg8EA8SyWBQcqIm90x1ECg0dDLiy4-bZN7Sxqmu2fe6DkkDlZM32WUksdqfGayK71N60ssfOo2oLwrzrk41qTBO3XfFUKyVvv5mypU/s1600/justi%25C3%25A7a.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 170px; height: 153px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixsTGFN3lb77XBasBmcnhCASktPsGnfAPhac-CSPNg8EA8SyWBQcqIm90x1ECg0dDLiy4-bZN7Sxqmu2fe6DkkDlZM32WUksdqfGayK71N60ssfOo2oLwrzrk41qTBO3XfFUKyVvv5mypU/s400/justi%25C3%25A7a.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5597344489927276258" /></a><br /><br />A JUSTIÇA NÃO É PARA TODOS<br /><br />Ai se fosse…<br />A justiça não é de quem dela precisa, mas de quem dela faz uso.<br />...Do pobre raramente é, a menos que lhe matem um filho, o assassino seja apanhado em flagrante e…confesse.<br />Dizem que a justiça é cega, mas nos tempos que correm já foi certamente operada às cataratas e usa lentes de contacto.<br />A própria balança que segura na mão esquerda precisa de ser aferida, pois tomba sempre para o mesmo lado.<br />As cadeias estão cheias de delinquentes comuns, parece ser essa a força da espada. Mas onde estão os de colarinho apertado, os de gravata fina?<br />Presos às suas empresas. Presos à exploração que ditam. Presos aos interesses, aos lobbies, ao dinheiro, aos políticos.<br />Uma justiça social quer dizer no vocabulário de hoje, que são sempre os mesmos a pagar a crise, as favas e o diabo a sete.<br />A justiça não é para todos, é para um conjunto de chico-espertos capazes de manobrar, capazes de influenciar, de viver no lapso, na falha da lei, para uso pessoal, para branquear os crimes económicos e inevitavelmente sociais.<br />A justiça é daquele que compra o melhor advogado, que dita os prazos, que se esconde atrás de recursos sucessivos.<br />A justiça parece feita para prescrever…<br />Prescreva então:<br />- Protecção social<br />- Protecção para as mentiras dos políticos, para os seus enganos e El Dorados.<br />Mas não, o que a justiça prescreve são os crimes que ficam por punir. E anda nesta ciranda um país. Um país aldrabado e de aldrabões.<br />Depois, sempre que é preciso lá se faz mediático um caso, aqui e acolá, à medida das necessidades romanas da lei.<br />Os «Pretores» na Roma Antiga administravam a justiça em muitos casos. Os de hoje são políticos bem vestidos, «Armanis ao cagalhão», capazes de marcar a agenda à boa maneira Berlusconiana.<br />Pergunto-me até quando? Até quando é que vamos aturar passivamente este estado de coisas?<br />A justiça não é para todos. É para todos os oportunistas, todos os sacanas, todos os impostores, todos os vampiros que nos chupam.<br />É o reflexo de uma sociedade pouco instruída, inculta mesmo, e que encontra nas distracções parolas deste mundo o encanto para as suas vidas pobres.<br />Isto está bom é para o Carreira, para os dois que ganharam o euro milhões e não se entendem, para a primeira do primeiro que não se conhece.<br />O que está a dar como diz a malta é entrar na política, gamar o mais possível e dar um ar satisfeito de europeu.<br />Faça-se o TGV quando houver dinheiro, candidatemo-nos ao mundial sem a Espanha.<br />Para o ano metemos seis nas competições europeias e ainda dizem que não há justiça…<br />Há justiça. Há. Mas é só para alguns.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-47764597486197956052011-04-13T14:24:00.000-07:002011-04-13T14:26:14.364-07:00O AMOR NÃO É PARA TODOS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjImWpr_5GkhVMSx4o8ANX5Gjzfd21IGZH3ugXxjoQ3VmQqtLO9MSQ7wpjquKOP97uHlet5-wz2yb5-7eGMxIdSgRU3goGoq-yeFznfYxI5E2Ugtq6W7Otck3SAtMuuHDeTGNg7Bh3LEn_u/s1600/foto+%25C3%25A7%25C3%25A3o+pitada.bmp"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 336px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjImWpr_5GkhVMSx4o8ANX5Gjzfd21IGZH3ugXxjoQ3VmQqtLO9MSQ7wpjquKOP97uHlet5-wz2yb5-7eGMxIdSgRU3goGoq-yeFznfYxI5E2Ugtq6W7Otck3SAtMuuHDeTGNg7Bh3LEn_u/s400/foto+%25C3%25A7%25C3%25A3o+pitada.bmp" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5595182588573029666" /></a><br /><br />Texto de : José Ilídio Torres<br />Fotografia: Tela de Ção Pitada<br /><br />O Amor não é para todos e ainda bem. Seria uma tragédia se não fosse assim.<br />O Amor é para poetas, profetas e outros patetas. Distribuído sem critério. Não existe sem o seu oposto, o ódio, e vivem mesmo em conluio.<br />A expressão «quanto mais me bates mais eu gosto de ti», excluída a dimensão de poder por força da violência exercida por uma das partes, resume uma realidade que habita a casa de muitos.<br />Quem é que já não beijou apaixonadamente o outro depois de uma acalorada discussão, depois até de levar dois tabefes? <br />Quem é que não fez amor com mais intensidade, com mais paixão, depois de um empurrão contra a bancada da cozinha?<br />Não deve passar daqui o leitor que me acha capaz de promover ou defender atitudes machistas ou violentas, mas deve continuar a ler aquele que percebeu que não estou a colocar a tónica no género masculino, mas a generalizar perigosamente…<br />A mulher de hoje não é a mesma de ontem.<br />Parece-vos redundante a expressão?<br />A de hoje não come e cala. Bate ela própria. Mais não seja quando usa a sua maior arma: - A língua.<br />Uma mulher ferida no seu orgulho e dignidade é capaz de socar violentamente com esse órgão:<br />- Não preciso de ti para nada!<br />- Ganho que chegue para mim!<br />- Homens há muitos e mais enchapelados! <br />Logo depois chovem pontapés que misturam sogros, filhos, contas bancárias, profissionalismo no emprego!<br />A mulher de hoje não é a mesma de ontem, muito menos a de anteontem.<br />É uma mulher liberal, «cabra» em muita literatura, nua sem pudor.<br />Gosto dela assim.<br />A sua maior grandeza é mesmo amar, mas mulher que ama é uma bomba-relógio. Mais dia menos dia, ano menos ano, deflagra.<br />O homem de hoje ainda não se habituou a esta mulher. Acha que lhe continua a bastar sair para trabalhar, tirar os sapatos na sala quando chega, alçar a perna…<br />Acha suficiente uma ou duas sessões de sexo por semana, considerando-se um entendido na matéria, apesar de não ensaiar mais que duas posições na cama faz tempo.<br />Mulher que é amada assim é um perigo.<br />Um dia perde a consideração pelo animal embalsamado que faz a barba e larga pêlo no lavatório, que deixa as cuecas postais no chão da casa de banho.<br />Já houve casos de lâminas mutiladoras a rasgar o silêncio e o sono do cônjuge. Mas isso são casos raros. O mais comum mesmo, é que a mulher assim esquecida, vilipendiada, um dia aceite o convite do sorridente do escritório para sair, com a desculpa de trabalho até mais tarde, ou comece a falar em jantares disto e daquilo…<br />Normalmente, o que ficou em casa a ver a Sportv e a beber umas cervejas não se dá conta e, já diz o povo e com muita sabedoria, «é sempre o último a saber…».<br />Uma tragédia…<br />Mas dirá o leitor com muita razão, que há quem ame com sentido de partilha, de dedicação ao outro. Com a generosidade própria dos apaixonados…<br />Há! Costumam aparecer no programa da Fátima Lopes ou de outra esganiçada qualquer do celulóide, e no final, ficam rodeados de flores e filhos e netos, e beijinhos e lágrimas, do alto dos seus setenta anos de vida, bem dançadinhos e agarradinhos nos bailaricos dos Bandeirantes ou similares…<br />A homenagem que se lhes presta é a mais pimba que se lhes pode fazer. Ouvem-se os amigos, os conhecidos e os vizinhos, mais a filha da professora primária que já morreu a dizer que a sua mãe falava sempre muito bem deles.<br />É por isso que o amor não é para todos. Que o digam as prostitutas e os prostitutos deste mundo quando se apaixonam pelo seu cliente.<br />Que o digam os chulos, os pederastas, quando se perdem de amores pela sua protegida.<br />Que o digam uns poucos apatetados, uns quantos futuristas e alguns poetas libertários.<br />O amor é uma doença estranha e rara sem medicação subsidiada. Conhecem-se efeitos secundários, contra-indicações, mas apenas na sua prática.<br />A cura, encontre-a cada um.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-91595533451698720282011-04-09T12:44:00.001-07:002011-04-18T07:21:50.711-07:00Visita à Escola Secundária de Barcelinhos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhelA_GoiALleo3N-0ehLDisJwnPRViz9sJgsjpYpx0x7fLVD4eNfHjhvZ-sjZnj9J4my4oIKg7Erox2t2WqiNuBbB6t4vMGb50z5GhWv_m1L7x-9pv1dWMPU0dfrqu8ckuu3xQQ7lSuVMf/s1600/barcelinhos3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhelA_GoiALleo3N-0ehLDisJwnPRViz9sJgsjpYpx0x7fLVD4eNfHjhvZ-sjZnj9J4my4oIKg7Erox2t2WqiNuBbB6t4vMGb50z5GhWv_m1L7x-9pv1dWMPU0dfrqu8ckuu3xQQ7lSuVMf/s400/barcelinhos3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5593672672281805298" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicSncGdfkgrWZQ6dja1ctuHLc5clZFrpA7kJv6xZEe78TxZVVKTFo8VzDTVkdWzUu6tTcceRUewXVYka1GULb0j6enltXPvgMNL7d0YxB4x9IAuhqcrdtmIj-3xbvz6wkUAMAnkIghj6kf/s1600/barcelinhos2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicSncGdfkgrWZQ6dja1ctuHLc5clZFrpA7kJv6xZEe78TxZVVKTFo8VzDTVkdWzUu6tTcceRUewXVYka1GULb0j6enltXPvgMNL7d0YxB4x9IAuhqcrdtmIj-3xbvz6wkUAMAnkIghj6kf/s400/barcelinhos2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5593672538652317506" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDrg7ySreGW0sDt1rOTRB3DBYQgkE9K3uslbvDw7inJket1KZWi9Hh4g_Xtghru7pFysIJ6TGzElGtcSKVtby5VLJNlXjZasCJMWoibnLZgDvCe51H1ziXJtTmvmW7QHXZmDARFfjg-c5k/s1600/barcelinhos1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDrg7ySreGW0sDt1rOTRB3DBYQgkE9K3uslbvDw7inJket1KZWi9Hh4g_Xtghru7pFysIJ6TGzElGtcSKVtby5VLJNlXjZasCJMWoibnLZgDvCe51H1ziXJtTmvmW7QHXZmDARFfjg-c5k/s400/barcelinhos1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5593672419412492066" /></a><br />Foi com imenso prazer e emoção que estive na terra onde nasci a falar com alunos interessados e participativos. O meu abraço.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-18539901528790992552011-04-03T10:47:00.000-07:002011-04-03T10:49:22.146-07:00O Sol quando nasce não é para todos…<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLEiTurUWTpPeTzA1rTZ87CJpsrf871JVz63sXfATq3hXiKZEGGKQ48eiyrnMkRHgkBPBF2QUmp9pb-KRg5fha4TCtGNGwLKQgZWdHosM6wVwtdaNURpg2kKETGTKFbPMUaFMfFA3Oonsu/s1600/bandeira+jorge.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 332px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLEiTurUWTpPeTzA1rTZ87CJpsrf871JVz63sXfATq3hXiKZEGGKQ48eiyrnMkRHgkBPBF2QUmp9pb-KRg5fha4TCtGNGwLKQgZWdHosM6wVwtdaNURpg2kKETGTKFbPMUaFMfFA3Oonsu/s400/bandeira+jorge.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5591415779870460850" /></a><br />Foto: Jorge Manuel Palha<br /><br />A Terra, no seu movimento em torno do próprio eixo, é responsável para que isso não seja logo assim. Enquanto para alguns é dia, para outros é noite escura.<br />Mas se colocarmos de lado as causas astronómicas, já a afirmação anterior não é rigorosamente verdadeira, pois que muitos vivem na escuridão durante o próprio dia.<br />A esses eu chamo de «apagados»…<br />Nesta classe cabem, entre outros, todos os indivíduos cujo cérebro é anterior a Galileu e que, ainda hoje, pensam ser o centro do universo.<br />Dos mais conhecidos, os políticos. Um género de «apagados» que neste país vêm proliferando com inusitada adaptação.<br />E é estranho que as plantas e os seres vivos necessitem da luz solar para o seu crescimento e estes espécimes prescindam dela, multiplicando-se como coelhos fornicadores.<br />Pensam os eleitos que são irradiadores de luz própria, qual sol sobre a terra, expandindo a sua grandiosidade ao universo.<br />Tomam decisões em nome do povo cinzento, esbanjam o erário público como burgueses assolapados, impondo depois, quando os cofres estão vazios, sacrifícios aos contribuintes, quais xerifes do tempo de Robin dos Bosques.<br />E o pior é que na sua megalómana ambição por poder, julgam-se iluminados nas decisões, legitimados, honrados, divinos.<br />Vivem nas Lisboas usurpadoras, deslocam-se em topos de gama, são apaparicados por assessores lambe-botas. Comem nos Tavares, comem onde bem entendem, comem-nos por lorpas.<br />E anda a malta preocupada em tirar esta «corja» do poder para lá meter outra igual? <br />Não está só na política mas espalhada em todos os sectores da vida portuguesa. Da economia à cultura.<br />A «corja» veste Armani, veste Armando.<br />Estou em crer que falta luz a este povo, mesmo que não lhe faltem EDP´s e Ren’s e contas e contas e contas…<br />A longa noite da ditadura parece eterna.<br />Falta-lhe uma luz que não é solar mas interior, falta-lhe consciência disso, falta-lhe horizontes para além dos horizontes da sua janela.<br />Essa luz só pode resultar do conhecimento, da literacia, da educação plena. Só assim se conseguirá promover o espírito crítico, a mudança.<br />No último dia 12 de Março, apesar das nuvens, fez-se sol sobre Lisboa. Um sol nascido faz tempo para quantos se reuniram na Avenida da Liberdade. <br />Um sol que vem de acreditar, de desejar um Portugal melhor. Um sol farto.<br />Farto de políticos, farto de patrões malandros e malandros patrões, farto dos «chicos-espertos» que estão por todo o lado. Mesmo na cabeça do meu colega de letras e ilustre comentador, que também come no Tavares e tem Tavares no nome.<br />Precisava o ilustre romancista de saber daqueles que vivem na utopia, de lhes conhecer o suor e o esforço. Dos que lutam pela afirmação artística num país de artistas instalados.<br />Mas não, sua Excelência, enquanto bom «opinante», está demasiado ocupado a ver o Sol raiar no umbigo de Copacabana.<br />No último dia 12 de Março, apesar das nuvens, apesar da escuridão… no Porto, em Braga, em Coimbra, em qualquer lugar deste país onde se partilhasse esperança, fosse até na mais recôndita aldeia de dois habitantes, discutiu-se Portugal.<br />Eu não esqueço a Luz desse dia. Estava em Lisboa, bem perto dos acontecimentos, a dizer poemas num auditório para alguns, poucos, amigos e escritores.<br />Diz quem assistiu, que eu tinha os olhos brilhantes, mas o que eu tinha mesmo era a certeza do caminho pois, como diz Bach, «Aqueles que não amam a mudança não são, no fundo, verdadeiros visitantes da Terra».<br />Por isso o Sol quando nasce não é para todos, é só para quem o consegue alcançar…jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-91232364005857924292011-03-21T08:23:00.000-07:002011-03-21T08:27:14.263-07:00FOTOS DE ÚLTIMOS EVENTOS<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzevgGQLV83IwoIxiBAss1c7p4wijLUVDeuVRUd0Pk_nDrqmKohjcrudD3mzaXhG1QelzbcWJdltEedWMuSfnRiFG42F_ebXLubfwMPN6jpjmxFnxpGqjHR4mlpT1LF_bg1TXVYZrwaTeV/s1600/manhente+3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzevgGQLV83IwoIxiBAss1c7p4wijLUVDeuVRUd0Pk_nDrqmKohjcrudD3mzaXhG1QelzbcWJdltEedWMuSfnRiFG42F_ebXLubfwMPN6jpjmxFnxpGqjHR4mlpT1LF_bg1TXVYZrwaTeV/s400/manhente+3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586555002735118786" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpiz-0wxq-0FJWLF2NvZMIP-x_JT76dR3X9UDJx_cqvebMa8FaZzNO9CQaUMcelpRTS2OQTJBPD9trG6PYWFd3Mglhq45CQLptH_y0ANrl7FWRZXY3ZGZJtpT0ZhEAVQYMwZzuQN7kZ7R0/s1600/feira+de+manhente.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpiz-0wxq-0FJWLF2NvZMIP-x_JT76dR3X9UDJx_cqvebMa8FaZzNO9CQaUMcelpRTS2OQTJBPD9trG6PYWFd3Mglhq45CQLptH_y0ANrl7FWRZXY3ZGZJtpT0ZhEAVQYMwZzuQN7kZ7R0/s400/feira+de+manhente.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586554802887559762" /></a><br />Feira do Livro da C+S de Manhente - Barcelos<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6FZ3_qpakh26fgQ_cvkavO2yzBy3Z3vsLySPMwjarKyvNiKpY2UgD-C0L7fDUPQz8QDJ4wYp7n1PhHdQFD0GMmjyooviE2be-XJQfKvlWL-9RzK3zPxB5wMz81xuxUjJGrkwvOHEDSeW/s1600/lisboa2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW6FZ3_qpakh26fgQ_cvkavO2yzBy3Z3vsLySPMwjarKyvNiKpY2UgD-C0L7fDUPQz8QDJ4wYp7n1PhHdQFD0GMmjyooviE2be-XJQfKvlWL-9RzK3zPxB5wMz81xuxUjJGrkwvOHEDSeW/s400/lisboa2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586554625730331330" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz34PSxVYq6vsUisylqoUtCeh4gFyi2yJZvk7zLrr27KPocdTua1BebcRnsV2CVpQn-Rlfv2dWhLiC37a1v0SsJ_JWWTo6fhudaJJ4rEl5oaBJbXRD9unSqYcTiii_Tt4AC7GA1pwcfwGy/s1600/lisboa.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz34PSxVYq6vsUisylqoUtCeh4gFyi2yJZvk7zLrr27KPocdTua1BebcRnsV2CVpQn-Rlfv2dWhLiC37a1v0SsJ_JWWTo6fhudaJJ4rEl5oaBJbXRD9unSqYcTiii_Tt4AC7GA1pwcfwGy/s400/lisboa.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586554500405000514" /></a><br />12 de Março em Lisboajose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-90651802888585383652011-03-06T05:33:00.001-08:002011-03-06T05:35:08.401-08:00Dia 12 de Março em Lisboa<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTu9qkX52m6kuHTCnUp1CNf0JBZkl84BB58YAzVufUQ6X6S3HoJZcHae84zW1H5V4yREZetG9LU8mHUL2NW6favdQGZMAAeuv-4Hj2gld7ZiHHvGB_wC-MEpduLpjBWrYs-08_hUWFcT2_/s1600/185970_10150115034329679_531684678_6172758_6201317_n.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 201px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTu9qkX52m6kuHTCnUp1CNf0JBZkl84BB58YAzVufUQ6X6S3HoJZcHae84zW1H5V4yREZetG9LU8mHUL2NW6favdQGZMAAeuv-4Hj2gld7ZiHHvGB_wC-MEpduLpjBWrYs-08_hUWFcT2_/s400/185970_10150115034329679_531684678_6172758_6201317_n.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5580959699451899394" /></a><br /><br />Viajo com os meus poemas até Lisboa, onde tenho amigos e alguns seguidores. Prometo a alma a quem me visitar. Só isso.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-89874370691806740962011-02-16T07:34:00.000-08:002011-02-16T07:36:51.993-08:00Carta ao Carmelo na hora do seu funeral<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtP6Ou8FIP45qzdyjoB5LT3ed9O_KbYi-Nk9aAhUExIhL3S3ua_SEZ3FkrHAr_YMDF2BXWG22NLXkAed2ceeX4TmaT9oyT0oFMO_ckVROTjL3yy7MNOz_P9PnV5NsYAVYvqO3KECx6GWJ0/s1600/4044730.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 330px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtP6Ou8FIP45qzdyjoB5LT3ed9O_KbYi-Nk9aAhUExIhL3S3ua_SEZ3FkrHAr_YMDF2BXWG22NLXkAed2ceeX4TmaT9oyT0oFMO_ckVROTjL3yy7MNOz_P9PnV5NsYAVYvqO3KECx6GWJ0/s400/4044730.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5574311713218226402" /></a><br /><br />Foto Jorge Palha «A queda de Ícaro»<br /><br /><br />Meu amigo, o Zé Lourenço disse-me ontem que só nos resta uma coisa depois da tua morte, que é atirarmo-nos dos prédios para cima.<br />E sabes que ele tem razão. Não nos resta outra alternativa que não seja lançarmo-nos dos quintos andares do nosso descontentamento para o céu. E revolucioná-lo se preciso for, e questionar Deus.<br />Ontem fiquei triste como se me tivesse caído um anjo em cima. Aquele que me acompanhou o tempo todo. Aquele com quem falava. O que me ensinou a voar.<br />Hoje trago as costas doridas do peso de carregar o seu cadáver nos ombros, mas tu, nesta hora em que te rezam missa, deves pairar sobre todos os teus amigos com aquele teu sorriso dado, que era uma espécie de abraço que nos envolvia.<br />Tenho receio de já não saber nomear as palavras, de me fugirem os significados, de os verbos me assassinarem repetidamente durante as noites de insónia.<br />Tenho medo dos que não sabem escutar o silêncio, dos que não conseguem já ouvir os pássaros, que a merda da super-bock esgote numa crise de valores sem precedentes.<br />Tenho medo destes políticos, dos consultores da palermice urbana, dos vendidos, dos tecnocratas, dos pastores de todas as igrejas.<br />Tenho medo.<br />Mas tu, tu não tinhas medo de nada, sequer que o céu te caísse em cima, por isso desafiaste as leis, ensaiaste o voo e voaste.<br />Que cada um saiba escutar as tuas últimas palavras como se fossem as primeiras de uma nova ordem.<br />E as crianças, conscientemente, coloquem flores a um anjo amigo que as proteja nos seus sonhos, e que esse anjo tenha uma barriga como a tua, um ar de quem sabe o que vem depois, e isso seja uma coisa redonda como o mundo.<br />Não fui ao teu funeral, que deve estar prestes a sair. Pensei que ao escrever-te esta carta estaria mais perto de ti, e assim não precisaria de reprimir as lágrimas, que sei, não gostarias que largasse neste dia chuvoso.<br />Choro-as agora em palavras que desato aos molhos, à espera que me visites sempre que te apetecer, e tenha o poema a mesmo som dos sinos, ribombando em cada um de nós.<br />São três e meia da tarde e nada será como dantes.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-2181641947783097882011-01-31T11:49:00.000-08:002011-01-31T12:08:01.451-08:00A arte não é para todos *<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0KwD1qnQfkeoDk2tFvw2_BWrc6W2vP0Cv7z1A1zYOoFygF9PEzZjIuYJq-v_gVnZpl2RADGBSVvlh8KoRN65_GRBOqkGm1BKrBpNKQXwrE7egS-TJqlLJQJSNwtN_fQcJhY7AOOD-NnF0/s1600/arte-em-papel.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 387px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0KwD1qnQfkeoDk2tFvw2_BWrc6W2vP0Cv7z1A1zYOoFygF9PEzZjIuYJq-v_gVnZpl2RADGBSVvlh8KoRN65_GRBOqkGm1BKrBpNKQXwrE7egS-TJqlLJQJSNwtN_fQcJhY7AOOD-NnF0/s400/arte-em-papel.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5568440591176147938" /></a><br />Foto: Google<br /><br />* Crónica a editar no jornal que me acolhe, me premeia pelos seus leitores, e no qual sempre encontrei amizade, sensibilidade e empenho na mesma luta comum.<br /><br /><br />Crónica<br /><br />A ARTE NÂO É PARA TODOS<br /><br /><br />Quem pensa que a arte é para todos está redondamente enganado. Tão enganado como aqueles que acreditam que o senhor Cavaco vai ser o presidente de todos os portugueses nos próximos anos. Nunca o foi, e a arte também não.<br />Se eu dissesse que não posso com este país, não mentiria, da mesma forma que isso não beliscaria o amor que lhe tenho, o orgulho que sinto em ser português. Todavia, enquanto criador, sinto na pele todas as agruras de um país sempre adiado. Parolo. Não encontro melhor termo para o definir.<br />Um país mesquinho, acovardado. Um país de adágios, de lengalengas, de provérbios.<br />Um país que desbarata sistematicamente a oportunidade de se afirmar entre os pares, que desaproveita a sua vocação atlântica, a sua história rica.<br />Não a história dos monarcas, dos senhores, mas a história de uma alma marinheira, que tinha o homem no mar e uma casa em terra. Uma horta, uma vaca, um cão.<br />Tomaram os políticos conta do estado da nação, mas não se responsabilizaram por ela. Numa covardia cacique que dá de comer a uma corja, muita dela assolapada em redor da eterna capital do império, que já ruiu faz tempos.<br />Na arte igual, pese embora o facto de muito daquilo que acontece em termos culturais, se ter descentralizado.<br />Não porque as políticas a isso conduziram de forma decidida, mas porque os artistas têm fome de afirmação, querem passar a mensagem de um Portugal novo.<br />Mas quais artistas?<br />Os da lisboa cosmopolita, virada para o seu umbigo, ou os da paisagem, que teimam em pintá-la com novas cores?<br />Os outros, digo eu. Os novos artesãos de um futuro sem fronteiras, que teimosamente lutam contra o preconceito, a hipocrisia instalada.<br />O problema é o eco mediático, que consagra alguns, e deixa os restantes criadores com valor à mercê do acaso.<br />Vive este país noveleiro de uma televisão com câmaras instaladas no Rossio, que é uma espécie de Fortaleza ou Baía.<br />Interessam ao povo muito mais as cenas do próximo capítulo, que a identidade perdida dia após dia. E ninguém parece dar-se conta disso.<br />Por outro lado, entrou a internet decidida nas casas dos portugueses. Mais não seja porque lhes foi imposta através dos filhos que já não são seus. São do sistema, e têm todos o apelido Magalhães.<br />Entrou para o pai, a mãe, para o avô e a avó até. Que coisa linda!<br />De repente, todos escrevem em sites pseudo-literários, todos têm perfil nas redes sociais, todos querem editar um dia um livro, fazer uma exposição de pintura na sede da junta, quiçá até nos paços do concelho.<br />Não há maior perversão que isso. Porque aquilo que acontece sistematicamente é a vulgaridade, a mesquinha percepção das coisas.<br />A homenagem a este e aquele, a poesia de meia tigela, o canto esganiçado, o quadro de merda.<br />Isto é o pior que podia acontecer a um país parolo. Sentir-se burguês apesar da crise, e pensar que a arte é para todos.<br />Experimentem dizer isto num qualquer site de partilha literária, digam-no sem rodeios. A experiência pode vir a ser avassaladora. Já tenho a minha parte.<br />- Quem é que você pensa que é?<br />- Lá por ser licenciado...<br />- Olhe que eu não estudei, mas tenho os meus escritos registados na Sociedade Portuguesa de Autores.<br />- Já escrevi vários fadinhos...<br />Não me lixem!<br />Escrevam cartas ao Director deste jornal a dizer que sou xenófobo, que não posso com o Benfica, que tenha a mania disto e daquilo, mas não façam de mim parvo, muito menos burro:<br />- A arte não é para todos, é para qualquer um que a sinta: sem credo, preconceito, idealogia. Sem Lisboas mediatizadas, sem as elites gays, sem as maçonarias editoriais, sem as máfias sociais.<br />A arte é a arte, triunfa sempre.<br />A porra é o tempo que demora.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-47112340809485232012011-01-23T05:51:00.000-08:002011-01-23T05:55:11.280-08:00Nem sapos nem.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhh5dP-6D9QsHIZfAcj2-j4_JJrxRoW3jtUn8Uc-kf3SHBg8EI-K_kuaVkCIyL_tfADALsAC1gP367D675v1PreyvvlGgqkziDMPNwdaNqe7-ZlxS1MfgeulVwfI2DgQPJ9RRjqTvKkx-cx/s1600/sapo-bufo-calamita.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 267px; height: 189px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhh5dP-6D9QsHIZfAcj2-j4_JJrxRoW3jtUn8Uc-kf3SHBg8EI-K_kuaVkCIyL_tfADALsAC1gP367D675v1PreyvvlGgqkziDMPNwdaNqe7-ZlxS1MfgeulVwfI2DgQPJ9RRjqTvKkx-cx/s400/sapo-bufo-calamita.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565379142154969266" /></a><br /><br />Imagem google: «sapo-bufo-calamita»<br /><br /><br />Nem sapos nem<br /><br /><br />Achava os sapos demasiadamente gordos e viscosos para os engolir. <br />Tentou uma vez uma cobra, mas a safada conseguiu penetrar até à uretra, mostrar a sua língua viperina. <br />Pegou-a por um rabo de fora.<br />Achava alguns homens como sapos. Custava-lhe engoli-los. Não porque coisa nenhuma, por serem demasiadamente gordos e viscosos.<br />Tentou uma vez uma mulher que não fosse um rabo de saias. Falou-lhe de uma cobra, bem capaz de engolir um sapo.<br />Veio o homem que não sabia o que fazia ali.<br />Trazia ao pescoço uma cobra que tinha engolido um homem, um sapo, uma uretra, uma mulher.<br />Sentou-se muito sossegado num sonho, acendeu um cigarro, e explodiu.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-16544176271080935062011-01-09T14:15:00.000-08:002011-02-13T13:53:05.841-08:00Nunca mais<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGtAov2iPN1cSF3HE7jbtl68R8MeWvD9ZyHTeWEkX1fMxtYtqLpIXRBZ2IJi2l7WqDNr7l3iuf-sgj6qC86OpCY_rGfcjO9QQRzrmtnLR5htpOYRR2kFbfwKs4bMw0ce1OUKTXaQj4prT0/s1600/jo%25C3%25A3o+luz.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGtAov2iPN1cSF3HE7jbtl68R8MeWvD9ZyHTeWEkX1fMxtYtqLpIXRBZ2IJi2l7WqDNr7l3iuf-sgj6qC86OpCY_rGfcjO9QQRzrmtnLR5htpOYRR2kFbfwKs4bMw0ce1OUKTXaQj4prT0/s400/jo%25C3%25A3o+luz.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5560324885414104738" /></a><br />Foto: João Luz*<br /><br /><br />Não se consegue escrever sobre o amor quando se ama. Tentar fazê-lo é falhar.<br />O amor é verdadeiro enquanto coisa dizível somente na ausência, na perda.<br />Poema que fale de amor experimentado é redutor, porque o amor vivido não precisa de poemas que o digam. É.<br /><br /><br />Nunca mais<br /><br />Nunca mais te verei sorrir, já decidi<br /><br />Nunca mais te esperarei<br /><br />Faltarei a todos os encontros que te prometi<br /><br /><br /><br />Nunca mais o beijo<br /><br />Nunca mais o afago<br /><br />Sequer o ensejo de um braço-dado<br /><br /><br /><br />Nunca mais a rua sem fim<br /><br />Uma promessa de filhos<br /><br />Dois anjos e um arlequim<br /><br /><br /><br />Nunca mais o calor do teu corpo<br /><br />O suor apertado dos espartilhos<br /><br />Um tempo de amor num tempo morto<br /><br /><br /><br />Só esta vontade de rasgar o peito<br /><br />De não ter rumo, nem sorte<br /><br />E ser o amor tão imperfeito como a morte<br /><br /><br /><br /><br />* João luz é meu amigo e colega. Um excelente fotógrafo e artista.<br />É responsável pelas fotografias de capa dos meus livros:<br />«Contos de Água e Areia» - 2008<br />«Os poemas não se servem frios» - 2010jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-4470057991140801642011-01-02T17:45:00.000-08:002011-01-02T19:11:43.735-08:00Sou bem capaz de matar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUgzNB0xoVBcNqJay4ae4Y9gvSToaYQyHl43GEx804YkXw4wSaPJ8gtfK7amcPJwqfBK64IH6q4z9vqT3JseQXEoY4XIese7HOJ76VIQD_sstw9MgajfxSuUHfZN-ygF9YUoRipgCRdqkI/s1600/BackgroundOfaSerialKiller1024x768.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUgzNB0xoVBcNqJay4ae4Y9gvSToaYQyHl43GEx804YkXw4wSaPJ8gtfK7amcPJwqfBK64IH6q4z9vqT3JseQXEoY4XIese7HOJ76VIQD_sstw9MgajfxSuUHfZN-ygF9YUoRipgCRdqkI/s400/BackgroundOfaSerialKiller1024x768.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5557791987923162482" /></a><br />Foto: google<br /><br /><br />Sou bem capaz de matar<br />Sou um serial killer banal<br />Cometo crimes de faca e alguidar<br />E ninguém me leva a mal<br /><br />Já matei um presidente<br />Já matei um deputado<br />De um ainda tenho um dente<br />Do outro um tostão furado<br /><br />Enforquei a minha sogra<br />Degolei um assalariado<br />Um país que sempre demora<br />E um padre remunerado<br /><br />Vi olhos rogando misericórdia<br />deu-me gozo circuncizá-los<br />Focei como um porco na mixórdia<br />Deixei as feridas ganharem calos<br /><br />Já matei um otário, um Papa<br />Já matei o maior vigário<br />Um tipo dissimulado e à socapa<br />Que me queria vender o Sudário<br /><br />Eu matei o próprio Cristo<br />E trago Judas tatuado nos braços<br />No coração uma espécie de quisto<br />E nos dedos a procissão dos passos<br /><br />E tudo isto porque escrevo<br />porque sou devasso e livre<br />Porque mato até o medo<br />e tudo aquilo que nunca tive<br /><br />O meu destino é de sangue<br />Tenho atrás de mim um rastro<br />Madalenas que me deixam exangue<br />E tudo aquilo com que me basto<br /><br />Por isso o meu poema é de morte<br />Um rasgo cirurgico no peito<br />Um eterno tentar da sorte<br />Neste amor mórbido do leito<br /><br />Quando me leres, benze-te<br />Três vezes antes de me amares<br />O que sou em verdade, pertence-te<br />Pensa bem antes de me mataresjose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-64497731555610563302010-12-31T08:40:00.000-08:002010-12-31T08:48:26.407-08:00Não vai haver passagem de ano<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4Y8t_eCPOuphbK3h9zEGl5iulHnsAEewYYoQ2HD4RGpnkNsYlcOc9JOE9iMwCc0scqQWC1KXcdncFQz3b9QGCO9A7oPA_TdsSJv3siqcAULCz02ZuXg07HhsgQ16SLFTP6YFaCqbjPDeZ/s1600/duende1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 274px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4Y8t_eCPOuphbK3h9zEGl5iulHnsAEewYYoQ2HD4RGpnkNsYlcOc9JOE9iMwCc0scqQWC1KXcdncFQz3b9QGCO9A7oPA_TdsSJv3siqcAULCz02ZuXg07HhsgQ16SLFTP6YFaCqbjPDeZ/s400/duende1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5556887530694196466" /></a><br />Foto do Google<br /><br />Não vai haver passagem de ano. Foi gamada por um duende.<br />Cinderela já disse estar disposta a alargar a coisa dez minutitos depois da meia noite, porque a madastra que ainda não foi desmascarada, tem em casa um problema com ratos que se transformaram em cavalos.<br />Peter Pan ficou de jantar com sininho, mas vai ter que correr atrás do bem.<br />Tomara que sininho encontre um badalo para dá-lo.<br />E que o tempo se atrase. Até que o cabrão do duende mental que fugiu com a meia noite seja apanhado com a boca na botija.<br />O Scrooge do Dickens não é para aqui chamado que já foi Natal e já teve a sua oportunidade de ser bonzinho.<br />O Super-Homem caiu abaixo de um cavalo que fazia parte de um problema de ratos da madastra da Cinderela, presumo que não será de grande utilidade.<br />- Podia chamar-se o Chaplin e ele fazia um número divertido enquanto o duende não era apanhado.<br />- Ou o Luís de Matos, e ele fazia-o aparecer num elefante em lingerie...<br />Lembrei-me agora: - E se a malta chamasse o Xavier Zarco, ele trazia a cervejola, os diplomas e os prémios todos que tem lá em casa naquela salinha simpática, e pregava uma seca enorme à malta, até esquecermos da meia noite que foi gamada pelo duende?<br />Também se podia mandar vir umas pizzas. Daquelas grandes. Familiares.<br />E desejar que elas ganhassem vida, e que corressem muito, e que quando o duende que gamou a meia noite desse por ela, elas estavam a entrar-lhe pelo cu acima.<br />A ver se gostava!<br />Ninguém gama a meia noite, frustra a ideia romântica de um ano novo e se fica a rir.<br />A não ser que goste.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-5273416309313163902010-12-30T15:06:00.000-08:002010-12-31T02:57:27.753-08:00Por não te amar assim perdidamente<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4fSf4kuaWDGd8P3gHuAL5aWsAf2zi4kZrfy1onA_vQnaFHm-nX0uY2dptOuiQGHI-Zo0mdq3kD474yNjldDraex2x89aXrRylXEqsTlKyR0gS8bYVyjOvOiEXGs-V6dAS0kxBRArxPPQA/s1600/foto+janela.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4fSf4kuaWDGd8P3gHuAL5aWsAf2zi4kZrfy1onA_vQnaFHm-nX0uY2dptOuiQGHI-Zo0mdq3kD474yNjldDraex2x89aXrRylXEqsTlKyR0gS8bYVyjOvOiEXGs-V6dAS0kxBRArxPPQA/s400/foto+janela.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5556640221335129410" /></a><br />Foto: João Luz<br /><br /><br />Por não te amar assim perdidamente <br />Uns dedos não se entrelaçaram <br />Não se abraçaram com os campos da tua janela <br />No quarto crescente de nós<br /><br />Um beijo não foi dado <br />Um sorriso não se partilhou<br />uma peça de teatro não aconteceu <br />Um jantar a dois não se combinou<br /><br />Por não te amar assim perdidamente <br />Houve um poema que não se fez<br />Um tempo que nunca nos pertenceu<br />Uma vez como a primeira vez:<br /><br />O vento a afagar-te os cabelos<br />O ar impregnado do teu cheiro<br />O chão a abrir-se nos teus passos<br /><br />Por não te amar assim perdidamente<br />Deixei todos os romances a meio<br />Nunca desatei os nós e os laços<br />Fiquei perdido no seio dos enredos<br /><br />Mereço que as palavras me abandonem<br />Que os meus dedos sejam só os dedos<br />E depois não saiba dizer-te urgente<br /><br />Na verdade do poeta a ilusão do homem <br />Por não te amar assim perdidamentejose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-48648022129212814612010-12-27T02:40:00.000-08:002010-12-27T02:43:21.337-08:00apresentação de «Os poemas não se servem frios» em Vila Verde<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtF0IGvTX3OR8m7TX2k6IAqvxd5nvpO-E5JuHD05wmILTQYbNRXslfJ5xzV3BHtVbvQVt4Y78Z289Q8NOCKCxMl-Zc5LybTyOeXeYDalfvzl01-RMfBKg_vJukupJKChiIMXUG9qy23QFc/s1600/convite_JIT_Poemas_Vila_Verde.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtF0IGvTX3OR8m7TX2k6IAqvxd5nvpO-E5JuHD05wmILTQYbNRXslfJ5xzV3BHtVbvQVt4Y78Z289Q8NOCKCxMl-Zc5LybTyOeXeYDalfvzl01-RMfBKg_vJukupJKChiIMXUG9qy23QFc/s400/convite_JIT_Poemas_Vila_Verde.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5555310821925789314" /></a>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-31560191520048646582010-12-17T14:49:00.000-08:002010-12-17T14:55:36.997-08:00Há «Momentus»...Noite excelente de partilha. Participação animada da plateia...Não posso pedir mais.<br />Escrevo como quem constrói uma casa. Tijolo a tijolo.<br />Fiquem com algumas fotos deste momento e apareçam sempre.<br />Um abraço ao Nelson e esposa, aos clientes do Momentus, numa cidade que fervilha: Guimarães.<br />Em 2012 respirar-se-á cultura nesta capital europeia.<br />Estarei por lá. garanto-vos.<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAsYlg6ASExzk0g2cyrbNim5plAR-k5zyFlkR0ncoQF7jdyd_CGqXxbbIyG54BO_LqubfeD1qspfXnwpE4m7GwGB-4APXiPlerjQmomiNLKtW14YZzodc_9sDe254UnxCjfbBAjzO81vX9/s1600/momentos+2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAsYlg6ASExzk0g2cyrbNim5plAR-k5zyFlkR0ncoQF7jdyd_CGqXxbbIyG54BO_LqubfeD1qspfXnwpE4m7GwGB-4APXiPlerjQmomiNLKtW14YZzodc_9sDe254UnxCjfbBAjzO81vX9/s400/momentos+2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551788422764879746" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEoeUojr2Lje5g0Ef4xxzBAD0wqaJ5RI7Zd7iXkZfNHGPjSdd7v6mzKdzSARzknTEESbQV7Ya-dXXXLOdmWI3C2sZ7jBhPpP8G01SNqxajMSqMTOMTj10VAOmFelalnnj5aH0ghQ2ohpHU/s1600/momentus.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEoeUojr2Lje5g0Ef4xxzBAD0wqaJ5RI7Zd7iXkZfNHGPjSdd7v6mzKdzSARzknTEESbQV7Ya-dXXXLOdmWI3C2sZ7jBhPpP8G01SNqxajMSqMTOMTj10VAOmFelalnnj5aH0ghQ2ohpHU/s400/momentus.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551788333236221714" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-JJGdBia9WXtzUZlxhWxxzpns9Vt99vb_95TqCOlLp7EFOwFxKhT3FUTozwWf4M0Zna8lAauvP4BzPJQxfejPZcAA8gvDqpK24MLacUqjvk6GZ5ndBcin4phyLbPEp0RBt4tVfKwIV6yW/s1600/momentus+3.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-JJGdBia9WXtzUZlxhWxxzpns9Vt99vb_95TqCOlLp7EFOwFxKhT3FUTozwWf4M0Zna8lAauvP4BzPJQxfejPZcAA8gvDqpK24MLacUqjvk6GZ5ndBcin4phyLbPEp0RBt4tVfKwIV6yW/s400/momentus+3.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5551788227813806642" /></a>jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5149210539556541038.post-44252526686913766962010-12-12T07:12:00.001-08:002010-12-12T08:09:43.373-08:00Onde o poeta punha o pé nasciam rosas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6dRmDjtZ9if4iLWF4JApTmZFyMEKLCFKSPMjpynOvdiPj0fC-nwhzNWrqqp_Lhn0U2dD2oYwRmX-QFJm3bqVrtRMKaB27C3iSdoIfuHCFA6f9hUZH9TU2Be2-HUjwuOhBtJhTBGt0_bvA/s1600/rosas.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 150px; height: 108px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6dRmDjtZ9if4iLWF4JApTmZFyMEKLCFKSPMjpynOvdiPj0fC-nwhzNWrqqp_Lhn0U2dD2oYwRmX-QFJm3bqVrtRMKaB27C3iSdoIfuHCFA6f9hUZH9TU2Be2-HUjwuOhBtJhTBGt0_bvA/s400/rosas.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5549814103087310514" /></a><br /><br />«Onde o Santo punha o pé nasciam rosas, e o povo lamentava que não fizesse o mesmo com batatas.»<br />Joaquim Namorado<br /><br /><br />Onde o poeta punha o pé nasciam rosas. Bouquets delas, finas e chorosas. O mundo era um imenso jardim florido.<br />Nem sombra de maldade, só um sol radioso que as fazia crescerem viçosas, dadas.<br />As criancinhas, com seus pés descalços e delicados, calcavam-nas sem se picarem, mas logo o poeta vinha atrás e consertava tudo com versinhos dedicados, distribuindo beijinhos e abraços às musas.<br />Tanta felicidade, tanto bem querer, tanta amizade para espalhar, que até os pobrezinhos, tão descalços como as criancinhas, em suas vestes de serapilheira, estendiam regaços à caridade literária, beijavam a mão ao poeta, gratos.<br />A guerra já não se fazia, não havia atentados à norma. Sonetos, sonetos.<br />Felicidade assim não tinha preço. Tinha sido uma conquista aos hereges, aos malditos que ensombravam a terra, feita à custa de armas sim, de muito sangue derramado, mas valera a pena.<br />Já ninguém ousava escrever palavras que depois de plantadas não abrissem em flor, já ninguém tinha dúvida de que o único tema possível em poesia era o amor. De que a amizade era cousa mui bela.<br />Casavam-se os poetas e as poetisas em cerimónias deslumbrantes. Eles de fraque, elas de véu e grinalda, e as criancinhas, descalcinhas e delicadas, sem se picarem nas rosinhas, segurando o longo manto.<br />Batiam-se palmas à passagem do cortejo nupcial. As musas à janela, donzelas e castas, mais suas mães de farta bigodaça, repousando os generosos seios nas colchas.<br />Que bom que era viver num mundo assim perfeito. Os velhinhos acarinhados, mesmo os que já haviam atingido a senilidade e a estupidez.<br />E as criancinhas, as criancinhas, não eram o futuro de coisa nenhuma. A elas, neste mundo a rebentar pelas costuras de fraternidade, de bonomia, de intensa solidariedade, restava-lhes somente o papel de calcarem as rosinhas, descalcinhas e delicadas, vindo o poeta atrás consertar tudo com versinhos dedicados.jose ilidio torreshttp://www.blogger.com/profile/04675232012034051995noreply@blogger.com0