sábado, 10 de outubro de 2009
Deus de mim me livre
Foto de António Jorge Fernandes «ternura»
Era um vento na página, lobisomem
Soprava lento como caracol
Um mar fisgado por um anzol
Um peixe com vontade de voltar a ser homem
Baleia sem veia, macaco sem teia, plateia
Era o sal das lágrimas à espera que o tomem
Era um Deus e ninguém sabia
Veio um sapo ter à folha com um mapa
Com ele uma esquadra pirata, esguia
Tomaram de assalto a lua para lhe roubar um rim
Passou a haver só o sol e isso foi o fim
Ninguém mais soube dizer escuro, breu
Restávamos só tu e eu no que faltava de mim
Se eras DEUS, porque não disseste?
Escusava a baleia ter entrado no mar
O sapo ser apenas um batráquio
Eu culpado de tudo o que me deste
Um amor de letras para me sufocar
Na ausência de guelras, um terráqueo
Se tiveres tempo não me deixes morrer
Escreva eu na demora de não saber
E alguém conjugue por mim o verbo amar
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário