quarta-feira, 7 de abril de 2010

Nessa solidão daninha



Foto: António Jorge Fernandes


Nessa solidão daninha

Há uma trepadeira de palavras pelo corpo

Dedos com espinhos a acariciarem a jugular

Venenos



Crianças cruéis

Incrustadas em capitéis

Rindo por falhas na pedra



Nessa solidão daninha

Feita de (v)bagas rubras e venenosas

Um homem definha e um outro medra



Nenhum deles se pergunta quem é

Cada um chora pelo outro a sua perda

E o poeta morre de pé



Repetidamente

Até que as estátuas nas praças

Cansadas e gastas

Saiam finalmente a voar em vez dos pombos.

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