sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Não vai haver passagem de ano


Foto do Google

Não vai haver passagem de ano. Foi gamada por um duende.
Cinderela já disse estar disposta a alargar a coisa dez minutitos depois da meia noite, porque a madastra que ainda não foi desmascarada, tem em casa um problema com ratos que se transformaram em cavalos.
Peter Pan ficou de jantar com sininho, mas vai ter que correr atrás do bem.
Tomara que sininho encontre um badalo para dá-lo.
E que o tempo se atrase. Até que o cabrão do duende mental que fugiu com a meia noite seja apanhado com a boca na botija.
O Scrooge do Dickens não é para aqui chamado que já foi Natal e já teve a sua oportunidade de ser bonzinho.
O Super-Homem caiu abaixo de um cavalo que fazia parte de um problema de ratos da madastra da Cinderela, presumo que não será de grande utilidade.
- Podia chamar-se o Chaplin e ele fazia um número divertido enquanto o duende não era apanhado.
- Ou o Luís de Matos, e ele fazia-o aparecer num elefante em lingerie...
Lembrei-me agora: - E se a malta chamasse o Xavier Zarco, ele trazia a cervejola, os diplomas e os prémios todos que tem lá em casa naquela salinha simpática, e pregava uma seca enorme à malta, até esquecermos da meia noite que foi gamada pelo duende?
Também se podia mandar vir umas pizzas. Daquelas grandes. Familiares.
E desejar que elas ganhassem vida, e que corressem muito, e que quando o duende que gamou a meia noite desse por ela, elas estavam a entrar-lhe pelo cu acima.
A ver se gostava!
Ninguém gama a meia noite, frustra a ideia romântica de um ano novo e se fica a rir.
A não ser que goste.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Por não te amar assim perdidamente


Foto: João Luz


Por não te amar assim perdidamente
Uns dedos não se entrelaçaram
Não se abraçaram com os campos da tua janela
No quarto crescente de nós

Um beijo não foi dado
Um sorriso não se partilhou
uma peça de teatro não aconteceu
Um jantar a dois não se combinou

Por não te amar assim perdidamente
Houve um poema que não se fez
Um tempo que nunca nos pertenceu
Uma vez como a primeira vez:

O vento a afagar-te os cabelos
O ar impregnado do teu cheiro
O chão a abrir-se nos teus passos

Por não te amar assim perdidamente
Deixei todos os romances a meio
Nunca desatei os nós e os laços
Fiquei perdido no seio dos enredos

Mereço que as palavras me abandonem
Que os meus dedos sejam só os dedos
E depois não saiba dizer-te urgente

Na verdade do poeta a ilusão do homem
Por não te amar assim perdidamente

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Há «Momentus»...

Noite excelente de partilha. Participação animada da plateia...Não posso pedir mais.
Escrevo como quem constrói uma casa. Tijolo a tijolo.
Fiquem com algumas fotos deste momento e apareçam sempre.
Um abraço ao Nelson e esposa, aos clientes do Momentus, numa cidade que fervilha: Guimarães.
Em 2012 respirar-se-á cultura nesta capital europeia.
Estarei por lá. garanto-vos.




domingo, 12 de dezembro de 2010

Onde o poeta punha o pé nasciam rosas



«Onde o Santo punha o pé nasciam rosas, e o povo lamentava que não fizesse o mesmo com batatas.»
Joaquim Namorado


Onde o poeta punha o pé nasciam rosas. Bouquets delas, finas e chorosas. O mundo era um imenso jardim florido.
Nem sombra de maldade, só um sol radioso que as fazia crescerem viçosas, dadas.
As criancinhas, com seus pés descalços e delicados, calcavam-nas sem se picarem, mas logo o poeta vinha atrás e consertava tudo com versinhos dedicados, distribuindo beijinhos e abraços às musas.
Tanta felicidade, tanto bem querer, tanta amizade para espalhar, que até os pobrezinhos, tão descalços como as criancinhas, em suas vestes de serapilheira, estendiam regaços à caridade literária, beijavam a mão ao poeta, gratos.
A guerra já não se fazia, não havia atentados à norma. Sonetos, sonetos.
Felicidade assim não tinha preço. Tinha sido uma conquista aos hereges, aos malditos que ensombravam a terra, feita à custa de armas sim, de muito sangue derramado, mas valera a pena.
Já ninguém ousava escrever palavras que depois de plantadas não abrissem em flor, já ninguém tinha dúvida de que o único tema possível em poesia era o amor. De que a amizade era cousa mui bela.
Casavam-se os poetas e as poetisas em cerimónias deslumbrantes. Eles de fraque, elas de véu e grinalda, e as criancinhas, descalcinhas e delicadas, sem se picarem nas rosinhas, segurando o longo manto.
Batiam-se palmas à passagem do cortejo nupcial. As musas à janela, donzelas e castas, mais suas mães de farta bigodaça, repousando os generosos seios nas colchas.
Que bom que era viver num mundo assim perfeito. Os velhinhos acarinhados, mesmo os que já haviam atingido a senilidade e a estupidez.
E as criancinhas, as criancinhas, não eram o futuro de coisa nenhuma. A elas, neste mundo a rebentar pelas costuras de fraternidade, de bonomia, de intensa solidariedade, restava-lhes somente o papel de calcarem as rosinhas, descalcinhas e delicadas, vindo o poeta atrás consertar tudo com versinhos dedicados.

sábado, 11 de dezembro de 2010


Foto: Margarete

Ando por aí a dizer os meus poemas com uma cantora formidável, uma amiga que ganhei no dia em que a conheci: Ção Pitada.
Um nome simples para uma mulher de um talento e generosidade sem igual.
Ontem a noite fez-se de palavras, de afectos, de risos.
Assim é a poesia e falta-me dizer tudo.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

José Ilídio Torres e Ção Pitada apresentam:





Dia 10 de Dezembro, sexta feira, no Momentus Bar em Guimarães, espectáculo intimista, onde a música portuguesa aparece ligada às palavras do autor de «Os poemas não se servem frios».
Reedição de um formato experimentado com sucesso no Arte&Gourmet, e com várias sessões agendadas a partir de Janeiro.
Uma boa maneira de acabar o ano. Apareça.

22,00 Horas

O Momentus fica:

Rua Santa Maria, 38-centro histórico, Guimarães, Portugal
Junto ao Largo da Oliveira

domingo, 5 de dezembro de 2010

O homem que tombou no túmulo de um livro



Nota: Escrevi este texto em 2008, a partir de uma sugestão de Sandra Fonseca, num dia em que estava a escrever compulsivamente e me bastava um título ou uma ideia para o fazer.
Hoje redescobri-o e lembrei-me desta amiga, que foi fundamental em 2009, enquanto minha confidente, durante a escrita de «Diário de Maria Cura», romance que editei nesse ano pela Temas Originais.



Um homem sai de casa numa manhã de nevoeiro sem saber para onde ir. Perdeu o emprego logo depois de encontrar a mulher com o patrão, que também era o seu.
Perdeu até o cão, que gostava mais das festas do seu chefe.
Parecia-lhe tudo azedo naquela manhã, até o café, por mais açúcar que lhe deitasse.
Sem saber que rumo tomar na sua vida, de mala na mão, que os tempos da grande cidade eram outros, deambulou pelas ruas até os olhos lhe doerem nos pés.
Da relação passada não trouxera mais que um livro, cuidadosamente amparado por folhas de jornal amarrotadas, numa volumosa mala.
A mesma que sua mãe lhe dera de enxoval para casar com a rapariga da cidade que não lhe largava o pescoço, sempre manchado de um baton de terceira categoria.
Na aldeia foi uma escandaleira, quando a rapariga que conheceu no escritório, apareceu de mini saia tão curta que todos tinham que olhar para cima, feita de um andar rebolado que fez babar meio tasco do Jeremias, e o fez vender mais de um garrafão no resto do dia.
Mesmo assim casaram-se. Eles os dois e o padrinho numa escapadela.
Agora não lhe restava nada, nem mesmo as memórias do passado, que até com as fotografias ela tinha ficado….
Apesar da profunda tristeza, guardava numa mala que não largava por um minuto, o seu maior tesouro: um livro.
Um livro que tomou em mãos quando chegou a uma espécie de prado verdejante, bem longe do ruído dos carros, do ar poluído da selva urbana.
Acariciou-lhe a capa, que encostou com ternura à face, fazendo um esforço para não chorar lágrimas que a molhassem.
Abriu-o na última página e começou a caminhar enquanto lia, deixando para trás a mala de toda uma vida, carregada de vazio.
Absorto pela leitura, já entrado no último parágrafo, no exacto momento em que olhava o ponto final que terminava o livro, tombou dentro de um túmulo aberto para receber um homem, naqueles cemitérios à americana que agora se fazem.
Quando o encontraram, repousava tranquilo, de mãos cruzadas no peito de um livro, a cujo título o coveiro haveria de afastar o pó:
“A Ponte para a eternidade”

domingo, 28 de novembro de 2010

Mandei dizer que te amava pelos gatos do beiral




Foto: João Luz
«Meu gato morto olha para mim do além...»



Sabes, ainda pensei escrever-te uma carta

Enviar-te um ramo de prosas que me nascem nos

dedos

Ou simplesmente fruta do quintal

Mas tive receio que não compreendesses o Braille

dos meus degredos

A forma crua como faço música com as lágrimas

Nos acordes despidos dos vinhedos



Ainda pensei se não seria o caso de te falar

pelos ramos das árvores

Pelo Às das suas copas

Se não estaríamos no tempo de fazer regressar as

tropas



Mas depois, quando lavrei a terra que se juntara

em volta do meu coração

Senti que me faltava a semente do teu beijo

E sabes que eu sempre te sonhei pela boca, fio de

água



Germina então comigo neste inverno, mão na mão

Tudo aquilo que sempre nos faltou afinal

Agasalha-te neste relento, neste desejo, nesta

frágua

Que já mandei dizer que te amava pelos gatos do beiral

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amamo-nos como búzios



Foto: João Luz
«Looking into the water eye.»

O silêncio foi de repente interrompido pelo bater de asas de uma mariposa. Um beijo rolou da boca, tombou no chão.
Não restava mais ninguém dentro de nós. Saíram todos.
Fico por um momento a pensar de como te falar das guerras, mas a boca encontra finalmente a boca, a mariposa morre de tão efémera.
Ninguém sabe, ou sequer imagina, de como somos tão sós.
Ontem , por exemplo, não te vi a florir na praça, e o vento, esse parecia um louco à procura de ti.
Não reparaste acaso no sopro que te dirigi? Fi-lo em gaivotas tontas, confundidas entre a tempestade e o amor.
E as mãos, que fazemos das mãos?
Já sei, afagamo-nos como búzios e ficamos tristes à beira mar.

domingo, 21 de novembro de 2010

O preservativo. Solução milagrosa



Cartoon de António

Bento XVI acaba de "autorizar" o uso do preservativo em casos pontuais, casos sobre os quais ainda não estou perfeitamente elucidado, mas que presumo se reportem a doentes infectados, ou a individuos que se apresentem notoriamente incapazes de usar o cérebro...
Dirão os mais esclarecidos que a medida representa uma revolução no pensamento cristão, desde sempre agarrado ao sexo reprodutivo, chutando para o plano do pecado todo o comportamento impróprio, dentro ou fora do casamento.
Sobre esta coisa do sexo com o fim único da reprodução, teve a grande Natália Correia discurso na Assembleia da República que entrou para os "anais" do bem dizer, estendendo ao comprido a falsa moralidade reinante.
Realmente, devemos ser muito agradecidos à Igreja por ter estado sempre um passo atrás no desenvolvimento do pensamento e das sociedades. De ter queimado na fogueira grandes pensadores, cientistas. Homens fora do seu tempo, dirão vocês, homens castrados à força, direi eu.
Devemos agradecer-lhe a forma determinada com que evangelizou, como sempre se aliou ao poder dominante, mesmo apregoando um outro reinado. A forma como sempre retirou ao homem a capacidade de aspirar a um novo dia, mesmo que a fraternidade e a igualdade pregadas, tivessem por perfil um Deus entre a bonomia e a vingança, e apesar disso.
Uma igreja de cariz social a de hoje, é aquilo que se exige. Mesmo que remende as perversões do sistema numa sopa dos pobres. Mas que o faça.
Que mostre o seu lado solidário e caritativo, e venda se preciso for o fausto que a caracteriza. Que seja uma igreja despojada se necessário, mas que esteja do lado do homem e não um passo atrás.
Que se diga presente nestes tempos de esvaziamento ideológico que caracteriza as sociedades ocidentais, que ampare, que guie, mas por forma a contribuir para um discurso humanista, de elevação do homem, e de uma verdadeira moralidade.
Tal desiderato só será possível se as fundações desse trabalho árduo tiverem por matéria prima a necessária compreensão dos problemas de cada momento, de cada época, e seja esse o desafio.
É por isso que esta nova liturgia do preservativo peca por tardia, tem demasiadas mortes nas costas, demasiados filhos largados. Está prenhe de um contínuo alheamento das questões fundamentais, de uma falsa moralidade que a corrompe no seu cerne.
Os escândalos sexuais repetem-se na Igreja, tradicionalmente capaz de se fechar sobre si mesma, abafando as repercurssões sociais dos seus pecadilhos. Porém, todos os dias os jornais fazem parangongas com a pedofilia dos seus padres, todos os dias esta igreja parece afundar-se na sua própria e específica moralidade.
Será por isso que Bento XVI, um Papa apelidado de conservador e austero, mas que parece a cada dia descobrir virtudes no seu antecessor, se mostra insuspeitamente aberto, informal e sorridente?
Se João Paulo II foi caricaturado pelo grande António com um preservativo no nariz, Bento XVI, deveria sê-lo calçando-os nas duas mãos, pois tem nelas o peso de um recém-nascido, e a necessidade de ser parteiro de um novo advento.
Ao homem do seu tempo, não resta afinal que estar um passo à frente dele, e assim, nestes tempos perversos de democracia, saber sempre o que o espera, numa espécie de desencanto auto-preservativo.
Nunca os poetas foram tão verdadeiros, nunca o amor tão urgente.


É engraçado como um simples preservativo, no fundo, me fez desviar tanto do objectivo desta crónica. Coisa simples de usar, que afinal basta enfiar na cabeça.

Vou suicidar-me no primeiro raio de sol



Foto: João Luz


Vou suicidar-me no primeiro raio de sol. Já testamentei os meus parcos haveres: todo o sal do mar e as sereias pornográficas que copulam com o vento norte. Uma gaivota de crude.
Já me despedi de quem gosto: poetas sem lei, que vivem para além da morte, ledos.
Dei carta de alforria às prostitutas que trabalhavam nas esquinas dos meus olhos, encerrei os bordéis sujos nos meus dedos.
Promovi os pedintes a monarcas, fiz dos enjeitados nobres patriarcas.
Deixei dito que mais nenhuma criança cresceria antes do tempo, que a única lei vigente passaria a ser a da brincadeira e dos afectos.
Que o poema fosse a única matéria leccionada nas escolas, sítios amplos sem portas, janelas ou tectos.
Assinei papéis doando os meus orgãos: o fígado para ser transplantado num homem são, mas azedo e sem coração.
Os pulmões experimentados num réptil, os meus rins enxertados em árvores de fruto.
Paguei adiantado às carpideiras com o dinheiro sujo que ganhei amamentando o sistema, mesmo não tendo tetas, pregador de certezas, pastor crente de um rebanho de petas.
Espero que chorem, esperneiem, larguem baba e ranho por mim, e no final das exéquias se sirvam canapés, se leiam poetas malditos e o vinho esgote.
Para onde vou não preciso de memória, a palavra saudade deixará de fazer sentido, o próprio verso, mote.
Vou suicidar-me no primeiro raio de sol. Espero que me trespasse de luz o coração.

sábado, 20 de novembro de 2010

Quando não me apetece escrever a ponta de um corno


Foto: João Luz

Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, sou gazela devorada pelo apetite voraz da fera, sou a fêmea com os lábios borratados de sangue, caçando por mim.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, sou o pássaro que morreu de fome numa gaiola, a mão que se esqueceu do gesto.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, sou um mundo bárbaro, um sorriso por andaimes, uma escalada de morte, a guerra.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, explodem aviões por minha culpa, Deus é apenas uma ideia guardada num frasco. Caem torres gêmeas por afinidade.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, as criancinhas violadas são expostas em montras, os pedófilos crucificados em praças.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, as certezas são perversas mentiras, o amor uma espécie de prostituição.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, uma assembleia é uma reunião de bandidos, uma República uma burguesia descarada.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, sou abutre recolhendo as letras que sobraram da carcaça, uma labuta de morte pelo derradeiro pedaço.
Quando não me apetece escrever a ponta de um corno, descubro um vibrador na alma, um coito interrompido no mundo, e definho masturbando-me.

domingo, 14 de novembro de 2010

Há em cada artista um filho indesejado de Deus



Foto: joão Luz «Shadow and reflection on clean water»


Há em cada artista um filho indesejado de Deus. O tempo não passa de um miserável embuste. Mulheres de ancas largas, divinas putas do criador, parindo os minutos que têm as horas, que têm os dias.
Há em cada homem fora do seu tempo, um filho sem pai, um enjeitado colocado numa roda, um fruto indevido do acaso.
Se pela arte se pode atingir Deus, e se assim o dizem, eu espero que alguém já tenha sido capaz, por obra feita, de o socar no rosto e de lhe partir dois dentes.
Rais parta o tempo que demora cada homem a encontrar a liberdade, neste sexo demorado com o cosmos.
Rais parta a bonomia com que se encara a guerra, os perversos movimentos da economia. Rais parta o conformado, o temente.
Há em cada artista um filho indesejado de Deus, um salteador do tempo, mesmo que a paga seja esta quase solidão, e invariavelmente a morte.
Há, quero crer, em cada homem um Deus, capaz de amar incondicionalmente a puta que o pariu: Mãe terra de ancas largas.
Escrever como quem morde, e morrer, morrer em cada fracção de tempo, numa ressureição permanente dos sentidos, subtraindo segundos à eternidade.
Como um rapaz de fisga disposto a matar.

domingo, 7 de novembro de 2010

«Os poemas não se servem frios» no Arte & Gourmet









Estive no passado dia 4 de Novembro, a convite do Arte & Gourmet, com a minha amiga e cantora Ção Pitada, a fazer uma performance poetica neste espaço, promovendo tambem o meu mais recente livro de poemas.
Sala cheia de gente das artes, da sociedade e da cultura vimaranenses, e um prazer interagir com todos.
Renovo os meus agradecimentos ao Delfim pelo convite.

Todas as fotos aqui:
http://www.facebook.com/home.php?#!/album.php?aid=34501&id=100000691407872

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Do meu último livro «Os poemas não se servem frios» - A minha morada é a palavra



Há um vazio dentro de mim
Feito daquilo que ainda não aconteceu
E habita neste ventre de gestação o poema

Tem braços de mar
É corpo sem terra para atracar
É sonho, fantasia
Luz forte de cada dia

E são de mármore os silêncios aqui
Nesta planície onde crio raízes etéreas
Onde construo castelos sem fortaleza
Onde me conjugo em cada ânsia
Em cada incerteza

De homem tenho tudo
Mas sou assexuado no que quer que diga
Sou carreiro, sou distância e formiga

E não estou sozinho na solidão de te pensar
De te dizer, de te amar
Não estou sozinho por estar

A minha morada é a palavra
Nela me expando para além do que vejo
Do que sinto
Nas verdades que digo quando minto

Se a um poeta se perdoa esta sorte
Viva então em mim o poema para além da morte

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Apresentação de «Os poemas não se servem frios» no Arte & Gourmet




Na próxima quinta-feira, no Arte & Gourmet, em Guimarães, preparei poemas para dizer, da única forma que o sei fazer: com o coração nas mãos, pronto a oferecê-lo a quem o quiser segurar.

A Ção Pitada, cantora de que ainda ouvirão falar muito, acompanha-me nesta viagem pelas palavras, numa cumplicidade a cada dia maior.

Não deixem de aparecer. O espaço é fabuloso.

Para ver localização:

http://www.facebook.com/profile.php?id=100000691407872

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Apresentação em Barcelos do meu sexto livro, segundo de poemas




Terei o maior prazer em receber-vos no auditório da Biblioteca Municipal de Barcelos, no próximo dia 23.
Convidei o Grupo intra-invencionista para fazer uma performance em torno dos poemas deste livro.
O Grupo é constituido por Margarete Silva, Antero Freitas e Cristovão Siano.
Elsa Sá, apresentará trabalhos seus em barro alusivos ao momento.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não posso com cronistas


A publicar na edição do Jornal Barcelos Popular de 07/10/2010

Não posso com cronistas

Não posso com cronistas. Gente que não pode com isto, que não pode com aquilo.
Uns fracotes: não podem com nada!
Não posso com quem é incapaz de se rir de si mesmo, que passa a vida a ver defeitos nos outros.
Não posso.
Não posso com aqueles que escrevem este tipo de crónicas nos jornais, mas depois reagem mal às críticas, ameaçam com tribunais aqueles que vão para as suas páginas na net insultá-los.
Não posso com esses e com os que fazem coisas que tais.
Não posso com quem só lê o título, com quem só lê o final, com quem lê na diagonal.
Não posso com escritores de m..., mais ainda com alguns invejosos que nunca escreveram porra de jeito que fosse na vida, mas acham que deviam ser eles a ganhar os prémios, a terem a sua croniqueta nos tais jornais a que chamam pasquins.
A inveja é uma coisa perigosa e mora sempre na porta ao lado.
Não posso com cronistas, antologistas, bloguistas. Não posso com teóricos, metafóricos, trotskistas.
Não posso com o Zé.
O Zé mau leitor, o Zé estupor, o Zé que vive por favor.
O Zé cronista dos dias sempre iguais, que bate na mulher e afoga as mágoas em bares banais. Que diz poesia em cima de uma mesa vazia, embaixador da azia, mas editado em antologia.
Não posso.
Não posso com os cronistas que escrevem para alvoraçar, para que o leitor meta a mão na consciência, se pense no ridículo, e também com todos que os querem amordaçar.
Bom autor de crónicas é o que faz do exagero a própria realidade sem tirar nem pôr, se faz maior a cada negação, a cada ameaça, a cada insulto, e nessa angústia escreve e ganha o seu próprio salvo-conduto.
É por estas e por outras que não posso comigo, contigo e com o outro:
- Com o preconceituoso, o ciumento, o invejoso. O cínico, o vaidoso e o seu analista clínico.
Bom autor de crónicas não é o que fala do amor, da felicidade, do sonho, de um mundo melhor. É aquele que mete a mão na ferida, em sentimentos tão humanos como a raiva, o ódio, a inveja, em todos os sete pecados capitais.
É por isso que eu, no fundo, no fundo, até nem desgosto de cronistas, não posso mesmo é com o meu país.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Não posso com pimbas



Não posso com pimbas!

Não posso com pimbas nas artes de uma forma geral, que não estão só na música. Dos Emanueis aos Carreiras, passando pelos Marantes.
Estão por todo o lado e advogam o direito a publicarem livros, a exporem quadros.
Não posso com pimbas e por causa disso tenho o corpo cravado de chumbo.
É vê-los estrebuchar quando lhes digo na cara, que é como quem diz, nos sites da especialidade, que a sua escrita é de m…, os seus quadros uma bosta.
Não posso com pimbas.
Com as suas lamechices a que chamam poemas, ilustrados por meninos da lágrima ou lagos onde cisnes entrelaçam os pescoços num pôr-do-sol ao fundo.
Não posso com a forma depreciativa como me chamam intelectual, que não o sou, mas fosse isso pecado do qual tivesse que me arrepender.
Não posso com a pimbalhada que inunda os sites e os blogs, os livros de editoras reles e até as páginas dos jornais.
Não posso com poetas de meia-tijela sempre prontos a fazerem um poema-dedicatória:
«Este poema é dedicado ao Dr. Manuel Azevedo e sua maravilhosa equipa, que me operaram a um quisto na bunda…»
Não posso com pimbas, não posso com concursos de quadras de S. João, não posso com tipos que têm a mania que sabem pintar, mas que erram na perspectiva, no traço, na cor.
Não posso com manjericos pintados, com quadrinhas espetadas em palitos, não posso.
Não posso com quem abusa da inteligência de muitos, mas é aplaudido pela burrice de milhões.
Não posso com quem retira espaço a criadores bem mais meritórios, com quem ganha os concursos promovidos pelas câmaras Municipais sem saber ler nem escrever, com quem é aplaudido pela sua burrice.
Não posso com quem me chama vaidoso e arrogante, não porque me ofenda, que até o sou. Mas porque essa é única forma que tenho de ser diferente, o meu maior crítico e o mais mordaz.
Eu que no fundo, no fundo, até nem desgosto de pimbas, eu não posso é com o meu país.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Não posso com médicos veterinários


Não posso com médicos veterinários

Não posso com médicos veterinários. Há uns anos atrás tratavam os animais de quinta, metiam mãos calçadas com luvas por orifícios insuspeitos, analisavam urinas, aplicavam vacinas.
Hoje, muitos deles abriram clínicas, hotéis.
Cães e gatos, depois disso, passaram a sofrer de coisas tão humanas como otites, stress, cólicas intestinais, cataratas e afins.
Não posso com médicos veterinários.
Não posso com os preços que praticam, com as suas clínicas sempre muito limpas, decoradas com maravilhosas imagens dos fieis amigos, à mistura com publicidade aos milagrosos remédios para todos os males, quais farmácias de serviço não comparticipadas pelo estado.
Dantes, as carraças arrancavam-se à unha ou com uma infusão de drogaria em cinco partes de água, e as pulgas, enfim, eram uma espécie de animais domésticos, cuja coceira dava sempre algum prazer à falta de outros.
Hoje, têm nome estrangeiro os produtos que nos livram delas e custam os olhos da cara.
Os bichos tomam ampolas, comprimidos, são picados por agulhas finas. Fazem até depilação.
Não posso com médicos veterinários.
Gato atropelado, para além de segundo o ditado ter sete vidas, faz o dono perder parte substancial da sua, caso a compaixão e o amor ao animal o leve até estes estabelecimentos mercenários.
Se for preciso operar, a conta terá pelo menos três dígitos, acrescida de uma taxa de pernoita, mais os anti-inflamatórios e as vitaminas.
Cão ferido em refrega por cadela no cio, regressa a casa com uma espécie de abajur na cabeça, com as orelhas ligadas com gaze e adesivo, mais a indicação de muda de curativo a cada cinco dias, feita obviamente por técnico altamente credenciado, em clínica não menos especializada.
É por isso que não posso com médicos veterinários desta nova era de amor aos animais. Desta democracia abrangente que olha as também criaturas de Deus com ternura e compaixão, animais que fazem a alegria dos filhos, a quem falta afecto e carinho, assim substituídos, dizem que por falta de tempo dos casais modernos.
Nada tenho contra a bicharada de companhia, que hoje em dia vai das aves raras aos répteis, e ponho-me mesmo a imaginar uma piton stressada enrolada no pescoço de quem o merece.
Tenho eu próprio animais em casa e contas apertadas no final do mês, sou vítima também desta classe, cuja legitimidade em exercer não questiono.
Também eu acho que sofro de stress e tenho diarreias, cólicas e outras maleitas que me deitam por terra. Hoje ladro, amanhã mio.
E quando vou ao Centro de saúde da minha localidade para me tratar, que inveja eu tenho dos de quatro patas, desejoso que me façam uma festa na cabeça, que a enfermeira aperte a boquinha e me diga: bilu, bilu…
Não, em vez disso, espero e desespero nas filas, sou tratado com arrogância, curado tantas vezes com displicência.
Eu, que no fundo, no fundo, até nem desgosto de médicos veterinários, eu não posso é com o meu país.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Não posso com o Benfica



José Ilídio Torres escreve semanalmente no Jornal Barcelos Popular «Não posso com...»
Edição de 16/09/2010


Eu não posso com o Benfica, e nem coloco em questão a antiguidade do clube e os valores que o fundaram. Eu nunca poderia ser de um clube que foi o do regime durante décadas e deve parte do seu crescimento a essa associação.
Eu nunca poderia ser de um clube no seio do qual se generalizou a máxima “ Quem não é do Benfica não é bom chefe de família”, até porque a expressão “chefe de família” é também ela de cariz opressor, e tomando por consideração uma outra que diz que “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, eu nunca poderia ser de um clube afastado das minhas raízes, mesmo que este se dissesse uma nação. Preferiria sempre a paisagem.
Depois, “Fado, Fátima e Futebol” não me servem enquanto homem vertical, na herança de quantos o foram antes de mim, fora de um contexto meramente biológico, numa linha de cultura, que não precisa da Amália para gostar do fado, de Fátima para ser cristão, do Eusébio para gostar de futebol.
Por isso é que eu não posso com o Benfica.
Também nunca me identifiquei com uma pretensa massa de gente que fala em milhões de iguais como se isso fosse sinónimo de força. Prefiro as imensas minorias. Aquelas que lutam por ideais que os outros não conseguem ver.
Pelas mesmas razões de que inúmeras vezes a verdade está naquilo que ainda não problematizamos, ainda não questionamos, prefiro descobrir simbolismos nos clubes esquecidos da periferia, nas suas sedes em bloco, no cheiro a bacalhau frito degustado com tinto, que pensar numa águia ensinada pairando sobre as cabeças dos amorfos, como se fosse a Fénix renascida das saudosas vitórias do Império.
A não filiação em qualquer corrente, a liberdade de poder enquanto criador assumir as minhas obras, não me deixa ser do Benfica pela razão óbvia de que se fosse pintor abusaria do vermelho, se fosse escultor da águia, se fosse escritor… da paciência de quem me lê.
Eu não posso com o Benfica porque um bom desportista não tem clube, nem se filia. Gere emoções e simpatias e luta pela vitória como forma de superação individual ou colectiva, na busca incessante da perfeição.
Eu nunca poderia ser de um clube que movimenta milhões e deve outros tantos. Que paga salários astronómicos, compra, vende e despede. Chame-se ele Benfica ou tenha ele outro nome qualquer.
Porque o futebol actual desvirtua de forma gritante o desporto. Porque a política se mistura nele como prostituta. Porque as verbas movimentadas são promotoras de negócios escusos. Porque é promotor de desigualdades. Porque goza com milhares de criadores geniais que não vêem o seu talento reconhecido, eu nunca poderia ser do Sport Lisboa e Benfica, mesmo sendo o orgulho de seis milhões, e por causa disso.
Mas, no fundo, no fundo, eu até nem desgosto do Benfica, eu não posso mesmo é com o meu país!

José Ilídio Torres

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Não posso com homens que dobram o pijaminha



Crónica semanal do jornal Barcelos Popular - 9/09/2010

Primeiro a calça, muito bem dobradinha pelo joelho, depois o casaquinho de botões, pela cava das mangas, rigorosamente a meio.
Não posso com homens que dobram o pijaminha e depois o colocam aos pés da caminha muito bem feita e esticadinha.
Que lavam os dentes a todas as refeições do dia e ainda usam fio dental para alcançar os lugares mais difíceis.
Que ainda vivem na casa da mãe viúva, e que na ausência de garagem, tapam todos os dias o carrinho com uma cobertura comprada no Continente.
Que verificam todas semanas o nível do óleo e da água, quer seja nos vidros, quer seja no radiador. Que juntam aditivos à gasolina, anticongelante e outras porrinhas, para assegurar a durabilidade do motorzinho do Fiesta.
Não posso com homens que dobram o pijaminha.
Politicamente, posicionam-se à direita, ou à direita da direita, mas não vão aos comícios do partido porque não gostam de confusão nem de cheiro a suor. Têm no entanto a fotografia do líder na cómoda, juntinho à imagem de Nossa Senhora de Fátima com os pastorinhos.
Gostam de fado, mas não apreciam Zeca Afonso nem os cantores de esquerda de uma forma geral.
Amam o Carreira, o filho, e o Espírito Santo.
Forram o comando da televisão com o plástico original da embalagem para não estragarem as teclas, usam camilhas nos sofás para não os sujarem, e o mais importante de tudo, descalçam-se ao entrar em casa, entalando os pézinhos nos chinelinhos de quarto, colocados muito direitinhos num cantinho do hall de entrada.
Não posso com homens que dobram o pijaminha.
Não posso com o seu jeito amaricado, onanista, de unhas muito bem tratadas.
Não posso com as camisas de botões no colarinho, as calças vincadinhas, os sapatinhos de verniz, quais Cinderelas.
Guardam tudo o que é recibo de despesa em capinhas organizadas por temas, fazem o IRS em 20 minutinhos antes da mamã chamar para comer a sopinha de nabos e penca, e que depois entregam garbosamente na repartição de finanças do bairro, os primeiros da fila.
Vão à missinha ao Domingo de manhã bem cedinho, para depois almoçarem religiosamente com a mamã ao bater das 12 horas.
A moça que um dia quis casar com um homem assim, nunca existiu no fundo.
E eu, também no fundo, muito no fundinho, até nem desgosto de homens que dobram o pijaminha, eu não posso mesmo, é com o meu país.

domingo, 22 de agosto de 2010

O sapo




Feio, gordo e de barba grisalha

Vejo um sapo neste espelho

Afinal mais um entre a maralha

Nos tomates do mundo, pentelho



Quixote de larga pança, moinho

Escrita em tudo o que o rodeia

Longo caminho tão sozinho

Amarra que não alcança ameia



E fuma a liberdade até estourar

O sapo feio, gordo, que me vejo

E ainda se dá ao luxo de criticar



Sabe de um rio maior que o Tejo

Não tem medo de nele naufragar

O príncipe sapo deste azulejo

sábado, 24 de julho de 2010

Edição limitada e autografada de «Crónicas do novo mundo»


Este livro que aqui já foi anunciado, que editei fora do âmbito da minha editora, e até daquilo que habitualmente escrevo, ilustrado por Silva Torres, está disponível para aquisição, autografado pelos autores, num total de apenas 100 exemplares....
Pode ser pedido para joseilidiotorres@sapo.pt, que guardará absoluto sigilo dos dados de quem o encomendar, pelo preço de 12,50 euros, com os portes à cobrança no destino já incluídos.
Caso escolham a modalidade de pagamento por Transferência Bancária, bastará então que seja feita para o NIB 004300050400100023411, identificando a origem, neste caso no valor de 10 euros.

Feira do Livro dos Arcos de Valdevez





Um prazer para mim regressar a esta terra que amo, para mais contando com a colaboração de duas amigas fantásticas. A cantora Ção Pitada e a multifacetada e talentosa Margarete Silva.
Estou-lhes muito grato, bem como aos arcuenses.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

XXVIII Feira do Livro de Barcelos em fotos

Apresentei no passado dia 15 de Julho o meu último livro na Feira do Livro de Barcelos.
Ficam as fotos para mais tarde recordar...




Pedro Silva Torres, o ilustrador. (meu irmão)




Os meus livros




Xavier Zarco, José Ilídio Torres e Silva Torres

sábado, 17 de julho de 2010

Troféus Milho Rei - vencedor na categoria de Mérito Cultural na Literatura

Decorreu na noite de ontem, a gala de atribuição dos Troféus Milho Rei, instituídos pelo semanário regional «Barcelos Popular», para premiar personalidades ou instituições que mais se destacaram no ano de 2009 em várias áreas.
No auditório da Câmara Municipal de Barcelos, perante uma plateia que o encheu, foi reconhecido o mérito individual e colectivo no desporto, no artesanato, nas artes plásticas, na acção social, no teatro, na política, na música e na literatura.
Neste último segmento, estavam nomeados os escritores; Fernando Pinheiro, com uma vasta obra editada na poesia, no conto e no romance, fundador da editora Calígrafo; José Pedro Lima-Reis, reconhecido médico e autor de variados livros, e eu próprio, José Ilídio Torres.
Em comum a estas nomeações o facto de os três autores terem editado obras literárias no ano de 2009, critério seguido pelo júri, só assim se explicando que o meu grande amigo e colega de escrita, Flávio Lopes da Silva, não estivesse entre os escolhidos.
Teria sido justo pela qualidade do seu trabalho, ainda agora acrescido de uma nova obra, apresentada na mesma noite e no mesmo local onde também mostrei o meu último livro, a Feira do Livro de Barcelos.
E foi com enorme emoção que vi o meu nome ser anunciado como vencedor desta categoria.
Se normalmente as palavras são a matéria-prima do meu trabalho, ontem foram muito escassas. Fui traído pela emoção, pela alegria do reconhecimento na minha terra natal, pela satisfação de ver o meu trabalho referenciado, nomeadamente o meu livro, «Diário de Maria Cura», que editei pela Temas Originais no passado ano.
Partilho este galardão com a editora que sempre me apoiou, a Temas Originais, nas pessoas do Xavier Zarco e do Paulo Afonso e de todos os seus colaboradores, e com todos aqueles que amam a palavra escrita e acreditam em mim.
É possível chegar onde se quiser, quando aquilo que se faz tem a verdade como Norte e o amor como destino.
É esse o meu caminho.
Muito obrigado a quantos votaram em mim pela internet, o prémio pertence-vos também.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Para além do tempo em destaque também na Feira do Livro de Barcelos



Estará comigo o Xavier Zarco, para falarmos dos meus livros editados pela Temas Originais e também de Crónicas do Novo Mundo que fiz especialmente para a Feira do Livro.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Procura-me (Na voz de Ruth Gomes)

Obrigado Ruth por dares voz a este poema.



Procura-me ( na voz de Ruth Gomes) | Upload Music




Procura-me num veio de pedra

Na coloração experimental de uma rosa

Num enxerto de cólera



Procura-me no prepúcio de um cometa

Na saliva ácida de um beijo



Procura-me sem certeza de me encontrares

De falarmos sequer a mesma língua



De haver todos os lugares inventados

E tudo a descobrir no ancoradouro do teu sexo



Procura-me pelos dedos, pelo corpo todo

Até te sobrar de mim aquilo que nunca te disse

As palavras como punhais.



Segreda-me ao ouvido o vento

O amarfanhado dos corpos nos búzios

O sol prometido que não veio

Uma virgem a quem borrataram de batom os lábios



Mas procura-me

Nem que isso te custe ir e vir, nascer e morrer

A certeza do caminho



Serei arco-íris em Braille,

Cão guia que te desrespeitou

E se me sobrar tempo, assassinarei os medos



Por isso, procura-me onde não estou

Um passo à frente de mim, um passo atrás de quem

lá vem.



Meu destino é amar-te até me doer.

domingo, 27 de junho de 2010

«O último beijo» de Manuela Fonseca

A convite da escritora e amiga Manuela Fonseca, estive no dia 26 de Junho no Atneu Comercial do Porto a apresentar o seu mais recente livro, um romance que vale a pena ser lido.
Foi um prazer rever amigos da escrita e estar com a Manuela neste momento especial para ela.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sessão na Eb2,3 de Vila Verde




A convite da escola EB2,3 de Vila Verde, estive presente na Feira do Livro da Escola, fazendo sessões para alunos de 5º e 7º ano, que trabalharam os meus textos e fizeram desenhos excepcionais.
Um abraço a todos e até um destes dias. Gostei imenso de vos conhecer.