sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Do meu último livro «Os poemas não se servem frios» - A minha morada é a palavra



Há um vazio dentro de mim
Feito daquilo que ainda não aconteceu
E habita neste ventre de gestação o poema

Tem braços de mar
É corpo sem terra para atracar
É sonho, fantasia
Luz forte de cada dia

E são de mármore os silêncios aqui
Nesta planície onde crio raízes etéreas
Onde construo castelos sem fortaleza
Onde me conjugo em cada ânsia
Em cada incerteza

De homem tenho tudo
Mas sou assexuado no que quer que diga
Sou carreiro, sou distância e formiga

E não estou sozinho na solidão de te pensar
De te dizer, de te amar
Não estou sozinho por estar

A minha morada é a palavra
Nela me expando para além do que vejo
Do que sinto
Nas verdades que digo quando minto

Se a um poeta se perdoa esta sorte
Viva então em mim o poema para além da morte

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