segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amamo-nos como búzios



Foto: João Luz
«Looking into the water eye.»

O silêncio foi de repente interrompido pelo bater de asas de uma mariposa. Um beijo rolou da boca, tombou no chão.
Não restava mais ninguém dentro de nós. Saíram todos.
Fico por um momento a pensar de como te falar das guerras, mas a boca encontra finalmente a boca, a mariposa morre de tão efémera.
Ninguém sabe, ou sequer imagina, de como somos tão sós.
Ontem , por exemplo, não te vi a florir na praça, e o vento, esse parecia um louco à procura de ti.
Não reparaste acaso no sopro que te dirigi? Fi-lo em gaivotas tontas, confundidas entre a tempestade e o amor.
E as mãos, que fazemos das mãos?
Já sei, afagamo-nos como búzios e ficamos tristes à beira mar.

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