domingo, 30 de outubro de 2011

Os sinos dobram pela liberdade

Há um poeta enforcado no campanário
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Serve o seu corpo frio de contrapeso
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

A corda esticada num pescoço operário
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

E nas calças um pénis bem teso
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não


Junta-se o povo em burburinho
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Mais as carpideiras e os cangalheiros
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Umas choram, outras gemem baixinho
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Outros fazem contas aos seus dinheiros
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não


E o poeta mais morto que peru
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Mas altivo nessa morte sem igual
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

Tem escrito no peito, a tinta-cru:
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não


- Fodei-vos! Liberdade não é coisa banal
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

- Podeis meter a minha morte no cu!
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

- Que eu nunca morri afinal!
Dlim-dlão, dlim-dlão, poema sim, poema não

25-11-2010