sábado, 8 de maio de 2010

A festa já tinha acabado


Foto: António Jorge Fernandes


A festa já tinha acabado.
Não restava mais que um bêbado reconhecido agarrado às costelas do balcão.
O facto de não teres vindo, o hálito que não deixaste num trago de conversa, ou o batom que não usas.
Um poema que não se escreveu, um sorriso que não se esboçou.
Um barman que corre as portadas à noite num trago.
O lixo à porta.
Importas-te que amanhã me voltes a faltar, quer queiras quer não queiras, e eu gaste fósforos a construir castelos nesta estranha geriatria dos medos?
Que me faça de esquecido e te ame perdidamente nas ausências?
Importas-te de fechar a porta, de acender a luz, de te desnudares completamente?
Estou aqui. Onde se perdem os ventos das rosas.
Consegues cheirar quando não estás, os cheiros dos meus cais?
As asas caravelas das gaivotas?
Então embarca neste beijo que te dou de mãos arregaçadas,
E pernoita na minha dor.

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