
Foto: João Luz*
Não se consegue escrever sobre o amor quando se ama. Tentar fazê-lo é falhar.
O amor é verdadeiro enquanto coisa dizível somente na ausência, na perda.
Poema que fale de amor experimentado é redutor, porque o amor vivido não precisa de poemas que o digam. É.
Nunca mais
Nunca mais te verei sorrir, já decidi
Nunca mais te esperarei
Faltarei a todos os encontros que te prometi
Nunca mais o beijo
Nunca mais o afago
Sequer o ensejo de um braço-dado
Nunca mais a rua sem fim
Uma promessa de filhos
Dois anjos e um arlequim
Nunca mais o calor do teu corpo
O suor apertado dos espartilhos
Um tempo de amor num tempo morto
Só esta vontade de rasgar o peito
De não ter rumo, nem sorte
E ser o amor tão imperfeito como a morte
* João luz é meu amigo e colega. Um excelente fotógrafo e artista.
É responsável pelas fotografias de capa dos meus livros:
«Contos de Água e Areia» - 2008
«Os poemas não se servem frios» - 2010
*Quanta verdade fecunda entre teus versos.
ResponderEliminarAdmiro a nudez do sentir que absorvo da tua escrita.
Tua Palavra é viva, real e venal, tal um doce veneno, pois atinge o âmago de quem te lê, portanto por vezes dói, mas por vezes adoça.
Sinto isso como algo positivo, pois tu trazes desassossego, desconforto, tiras-me do lugar-comum. Toca!
Parabéns pela transparencia, pela tua obra magnífica.
Sou uma admiradora silenciosa do teu dom de escrever.
Abraços de admiração.
Karinna*
Só esta vontade ou falta dela
ResponderEliminarDe não ter rumo, nem vela
nem azar nem sorte
E ser a vida tão imperfeita na morte
Parabéns pelo blogue e por todos, mas todos os textos!
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