sábado, 14 de janeiro de 2012
O CÃO QUE ME ESPERA
O cão que me espera não tem pernas, flutua e
lambe-me o rosto
Mas sabe falar inglês, e ninguém o diria
Serve-me martinis dry, com azeitona e tudo
O jornal, trago-o eu nos dentes desde que passo a
porta
Por vezes temos necessidade de trocar os papéis
Ele escreve e eu ladro o mais alto que posso
Entre mim e o cão que sempre me espera, não
existe trela
Só um esplendor de sol, e relva
E tem dias até em que ele me lança o disco
E eu apanho-o soberbo com os dentes, num rasgo de
rins
E rio-me disso
Logo depois do osso que ofereço ao destino para
que nos apanhe
A mim e ao cão que nunca deixou de me esperar
Quando trago um cheiro a poemas no pelo
E ele me escova até eu deixar de me coçar
Sou-lhe fiel como um homem pode ser a um cão.
in «Os poemas não se servem frios» Temas Originais - 2010
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que troca de papéis fabulosa
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