terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Até ao fundo do fim


Foto: António Jorge Fernandes


Derruba-me como um castelo de cartas,

Desconstrói-me em legos.

Apanha-me pelo Às de espadas. Trespassa-me.

Sacia-te em mim.

Prova-me inteiro a partir do osso.



Que achas de fazermos dessa verdade um livro?

Não, demasiado redutor.

Já sei, fazemos um filho de palavras a partir de

dentro.

E se nos sobrar tempo, rasgamos ao meio a dor.



Desafina-me até descobrirmos um sentido para a

palavra.

Algo que nos impeça de auxiliarmos a eutanásia

dos silêncios.

Algo que nos sacie de fome.

Sabes de alguém que possa carregar por nós o

fardo dos dias?



Eu por ti morria as vezes que fossem precisas,

Doava os olhos em vida mesmo que o tacto não

fosse garantido.

Fazia-me cigano e cortava os pulsos.

E como nunca seria tarde demais o começo daquilo

que nunca fomos

Brincávamos com Deus até do paraíso sermos

expulsos.

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