quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Menino da Terra


Foto de António Jorge Fernandes


Menino da guerra, hoje não matarás. Combato eu por ti.

Quero muito que te sentes na minha mesa, que comas até te fartares. Que te lambuzes de doces e sumos, que eu farei por ti a guerra, meu menino da Terra.

Hoje, nesta noite mágica de Natal, serei eu o violado, não tenhas por isso receio dos abraços, nem dos beijos, sequer dos afagos. Os Reis serão Magos.

Não te assustes quando as luzes momentaneamente se apagarem, e no escuro da sala só o fogo da lareira brilhar, que amanhã ninguém te vai queimar ou escravizar. Trabalharei por ti de sol a sol, darei as costas ao chicote daquele que se pensa forte.

Por isso desembrulha os teus medos junto a esta árvore de Natal, brinca com os meus filhos a sorrir, que hoje, hoje não precisas de fugir.

Refugiar-me-ei por ti numa tenda rota de balas, num campo de concentração farpado, mas tu, meu menino da terra, hoje vais ser amado.

Não te preocupes comigo, tenho dentro do peito tudo o que preciso. Uma arma que se chama texto e que dispararei por ti.

Mas hoje, meu menino da Terra, nem que seja só por um dia, serás igual àquele que está no céu e eu, eu desejarei que seja sempre Natal.


Nota: Desejo um Feliz Natal a todos os meus leitores e seguidores deste blogue.

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