segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dança comigo amor


Foto: António Jorge Fernandes

Num passo dado que pedia um doble, o teu sorriso vestia longo. E eu, bem engomado, quase todo desalinhado, acertava contigo o tempo.
O nosso compasso era dobrado, um allegro moderato que podia ser de Outono.
Trazias nos olhos metade daquilo que te amo, e na boca o resto.
Lembro-me de te afagar as costas e desabrocharem-me ouriços das mãos. Depois, com medo de te ferir nesse desejo, pedia-te emprestado o vento para me dizer.
Por isso enlaça-te no meu beijo, bebe-me. Sou a marcha lenta do lagar, indiferente de quem o pisa. Uma cantiga entoada que cheira a esperança.
Sou vinho fermentado, um rubro paladar de palavras nesta dança.

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