quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um pássaro de certeza que pode ser uma vaca com asas


Foto: António Jorge Fernandes «Vigilante»

Nasceu-me um pássaro gago numa gaiola. Nem perguntei porquê.
Havia uma senhora que os tinha a três á coroa num viveiro. Vendiam-se como ostras.
Comprei três ovos que pareciam pérolas. Um guardei debaixo da língua. Chamei-lhe Alfredo.
Dos outros dois não soube mais nada.
Constou-se que os troquei a um marroquino por um cachimbo de água.
A verdade, é que todas as noites em que eu e o Alfredo, meu filho, nos sentamos à lareira daquilo que podíamos ter sido, um pássaro canta no relógio de cuco lá ao fundo.
É o fumo dos dias, que nos entra pelas goelas do mundo.

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