
Foto de António Jorge Fernandes «ternura»
Era um vento na página, lobisomem
Soprava lento como caracol
Um mar fisgado por um anzol
Um peixe com vontade de voltar a ser homem
Baleia sem veia, macaco sem teia, plateia
Era o sal das lágrimas à espera que o tomem
Era um Deus e ninguém sabia
Veio um sapo ter à folha com um mapa
Com ele uma esquadra pirata, esguia
Tomaram de assalto a lua para lhe roubar um rim
Passou a haver só o sol e isso foi o fim
Ninguém mais soube dizer escuro, breu
Restávamos só tu e eu no que faltava de mim
Se eras DEUS, porque não disseste?
Escusava a baleia ter entrado no mar
O sapo ser apenas um batráquio
Eu culpado de tudo o que me deste
Um amor de letras para me sufocar
Na ausência de guelras, um terráqueo
Se tiveres tempo não me deixes morrer
Escreva eu na demora de não saber
E alguém conjugue por mim o verbo amar
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